Setembro Amarelo: a guerra silenciosa contra abusos psicológicos

De todas as formas de agressão e abuso, o abuso psicológico é uma das mais violentas formas de agressão que se pode cometer. No entanto, por se tratar de uma agressão não-física, é menos perceptível a olho nu. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de 12 mil processos por violência psicológica foram lançados no Brasil em 2023.
Apesar de abusos psicológicos serem mais difíceis de se notar, existem indícios que evidenciam quando alguém está passando por tal agressão. Segundo a psicóloga Thalía Hernandes Campos, as vítimas tendem a apresentar mudanças emocionais – como comportamentos inseguros e ansiosos, tristeza excessiva e problemas de concentração –, evitar conflitos por medo das consequências, controlar com quem fala ou onde vai e se isolar de amigos e familiares, além de abandonar atividades do dia a dia.
“Se você sente que precisa ‘se podar’ para evitar conflitos, tem medo de expressar sua opinião, percebe que é constantemente responsabilizado(a) ou culpado(a) por situações que não dependem só de você e nota que sua autoestima caiu desde que começou a conviver com determinada pessoa, pode ser sinal de que exista abuso psicológico”, explica Campos.
Esses, entretanto, não são os únicos indícios de uma relação de abuso psicológico, segundo a psicóloga. Campos também destaca que é preciso se atentar a “brincadeiras” que ferem e desqualificam a vítima, desrespeito relativo aos limites pessoais da pessoa, atitudes de controle disfarçadas de cuidado e minimização dos sentimentos da vítima, utilizando-se de frases como “você é exagerada” ou “você está inventando”.
Apesar de menos visível que outras agressões, existem sim medidas que podem e devem ser tomadas ao se identificar o abuso. Segundo a psicóloga clínica Isabella Sandrin, a primeira etapa é reconhecer e validar tudo o que está acontecendo, seja com você ou alguém do seu círculo social. “Caso seja você que está passando por isso, é imprescindível a busca por apoio: conversar com alguém de confiança, procurar acompanhamento psicológico e, em casos mais graves, recorrer a medidas legais. Se alguém que você conhece está passando por isso, o mais importante é oferecer apoio sem julgamentos e ajudar com informações, validar o sofrimento e deixar claro que ela não está sozinha. Isso faz toda a diferença. É importante respeitar o tempo dela, mas também estar presente de forma consistente, mostrando que existem alternativas e caminhos de proteção. Romper o ciclo de silêncio já é um movimento de cuidado”, explica.
Sandrin ressalta que, apesar da ajuda de familiares e amigos ser essencial, não deve-se descartar o auxílio de instituições especializadas. “Em casos de violência mais severa, o melhor seria recorrer às instituições competentes, como a Delegacia da Mulher, e os canais de denúncia disponíveis, como o 180 no Brasil. Existe um projeto chamado Justiceiras, em que psicólogas oferecem atendimento gratuito para mulheres vítimas de violência, seja ela física ou psicológica. Nesse projeto a vítima também pode conseguir ajuda e orientação jurídica, médica e socioassistencial. É importante frisar que o acompanhamento com profissional da saúde mental nesses casos é indispensável, independente da sua gravidade. Além disso, redes de apoio comunitárias e grupos de acolhimento também podem ser fundamentais nesse processo de fortalecimento e reconstrução de vida”, conclui a psicóloga.
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