Quantas pessoas das favelas e periferias brasileiras conseguem ter acesso ao ensino superior no Brasil?

 Quantas pessoas das favelas e periferias brasileiras conseguem ter acesso ao ensino superior no Brasil?

A busca pelo acesso ao ensino superior para os moradores de favelas e periferias brasileiras tem sido um desafio. Apesar dos avanços na educação, diversas barreiras sociais e econômicas limitam as oportunidades para esses grupos. A falta de recursos financeiros, a carência de suporte educacional e a discriminação social e racial são alguns dos obstáculos que afetam suas chances de ingressar no ensino superior.  A conscientização sobre essas questões é fundamental para impulsionar mudanças significativas e promover a igualdade de oportunidades no setor educacional brasileiro.

O que dificulta o acesso ao ensino superior?

O acesso ao ensino superior no Brasil ainda é restrito a parcela da população economicamente mais favorecida.  De um ponto de vista geral, duas são as alternativas para quem quer ingressar no ensino superior: arcar com a mensalidade de uma instituição particular ou conseguir uma pontuação alta para ter acesso aos programas oferecidos pelo governo. 

Arcar com a mensalidade de instituições privadas não é uma alternativa para os moradores das favelas brasileiras, e conseguir uma pontuação alta o suficiente para ter acesso aos programas oferecidos pelo governo também não, uma vez que as escolas públicas não dão a mesma base e o mesmo suporte necessário que as escolas particulares dão, e os alunos das escolas públicas estão o tempo todo concorrendo com os de escolas particulares.

Outro ponto, que descarta essa segunda alternativa, é que dependendo do programa do governo que, porventura, o aluno venha a ingressar, será necessário uma mudança geográfica, surgindo o empecilho de sobreviver em outra cidade, longe de seus familiares, que muitas vezes são seu suporte financeiro. 

Como um aluno que, ao ingressar em uma faculdade pública, por não ter tido condições financeiras de arcar com uma faculdade particular, poderia ter condições de arcar com sua sobrevivência em outra cidade/estado?

Desafios enfrentados por moradores da periferia

A desigualdade racial, é um dos maiores desafios enfrentados pelos moradores das periferias. Segundo o IPEA (2011), 66,2% das casas em favelas são ocupadas por pessoas negras. Essa desigualdade, esbarra na diferença de oportunidades no acesso ao ensino superior e, como consequência, mais tarde é deparado com ela no mercado profissional, criando um ciclo que precisa ser quebrado. 

Outro problema que deve ser solucionado é a evasão escolar. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2019, é oito vezes maior em estudantes de baixa renda, comparado aos estudantes com situação econômica mais favorecida, número esse que, em razão da pandemia em 2020, especialistas acreditam ter aumentado; contudo, ainda não se sabe o quanto. Para ingressar no ensino superior, é essencial ter finalizado o ensino fundamental e médio, mas por questões financeiras, diversos jovens de baixa renda abandonam a escola. 

A falta de preparo, para competir por programas de bolsa de estudos ou para ingressar em universidades públicas é outro desafio, causando ansiedade e baixa autoestima desses alunos de periferia que não se sentem preparados ou capazes para competir com alunos de escolas particulares.

Por fim, além do desafio de ingressar em uma faculdade, manter-se em uma também é um desafio para os alunos que vem da periferia, pois conforme dito anteriormente, a base de ensino que tiveram em escolas públicas, é diferente da que é dada aos alunos de escolas particulares, resultando em dificuldades para acompanharem conteúdos de nível superior. Por vezes, esses alunos ingressam em uma faculdade, mas não conseguem finalizar por questões, mais uma vez, financeiras; comumente são estudantes que trabalham, além de apenas estudar. 

Oportunidades de acesso ao ensino superior: público ou privado

Sisu (Sistema de Seleção Unificada): o sistema seleciona os estudantes com base em sua nota no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), de acordo com o número de vagas por curso e modalidades. As vagas são para ingressar em universidades públicas, federais ou municipais, mas a maioria das vagas ofertadas são em federais. Todos os estudantes que realizaram o ENEM, edição mais recente anterior ao SISU, podem se inscrever no programa, desde que não tenham zerado a redação. Mais detalhes de como funciona o SISU, você encontra aqui. 

PROUNI (Programa Universidade para Todos): esse programa oferta bolsas de estudos em universidades particulares. Essas bolsas são integrais (cobre 100% o valor da mensalidade) ou parciais (cobre 50% do valor da mensalidade). Para obter a bolsa integral, o estudante precisa comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até 1,5 salário mínimo.  Para obter a bolsa parcial, a renda per capita exigida é de até 3 salários mínimos. Esse programa abrange, entre outros, alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas. Mais detalhes de como funciona o PROUNI, você encontra aqui.

FIES (Fundo de Financiamento Estudantil): o objetivo desse programa é conceder financiamento a estudantes em cursos do ensino superior em instituições privadas. Neste caso, o candidato deve ficar atento se a faculdade escolhida é participante do programa, pois não são todas que participam. O FIES fornece um financiamento sem juros e conforme a renda familiar do estudante, sendo assim, o estudante começará a pagar as prestações do financiamento respeitando seu limite de renda. Lembrando que esse programa aceita alunos que realizaram o ENEM, considerando algumas regras de notas. Mais detalhes de como funciona o FIES você encontra aqui

Assim, o SISU é destinado para alunos que queiram ingressar em instituições públicas. Já o PROUNI e o FIES são programas destinados aos estudantes que queiram ingressar em instituições privadas.

imagem-para-materia02 Quantas pessoas das favelas e periferias brasileiras conseguem ter acesso ao ensino superior no Brasil?

Os desafios e dificuldades que estudantes, moradores das periferias e favelas brasileiras enfrentam para ingressar ou permanecer no ensino superior, foram apresentados de forma sucinta para elucidar que não basta um governo fornecer ensino público, seja a nível médio ou superior, para acabar com a desigualdade social, pelo contrário, na maioria das vezes, esse modelo de ensino apenas fortifica e ressalta a desigualdade econômica. 

Referências:

Direito à cidade e formação das favelas: uma expressão do racismo estrutural. 

Dificuldade de acesso ao ensino superior no Brasil continua alta.

Desafios do acesso ensino superior no Brasil. 

Abandono escolar é oito vezes maior entre jovens de famílias mais pobres.

Jornal Aborda

2 Comments

  • Que Matéria , parabéns !

  • Que matéria necessária! Fui estudante de escola pública durante toda educação básica e sendo da periferia enfrentei muitos desafios pra concluir o ensino superior. Precisamos avançar muito em políticas públicas que garantam acesso e permanência!

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