O Lixo de Osasco: Uma Bomba Relógio Ambiental e Econômica

 O Lixo de Osasco: Uma Bomba Relógio Ambiental e Econômica

Osasco, com seus arranha-céus ascendendo e a intensa atividade comercial pulsando, uma questão fundamental para a sustentabilidade e a qualidade de vida, muitas vezes passa despercebida: para onde vai o lixo que produzimos? A gestão de resíduos sólidos é um desafio complexo que exige planejamento, investimento e, principalmente, a participação ativa da população. Mas, afinal, como Osasco lida com essa montanha diária de detritos? Existem programas eficazes de reciclagem e compostagem em vigor?

A coleta de lixo domiciliar em Osasco, realizada pela prefeitura em parceria com empresas concessionárias, é uma realidade para grande parte da população. Caminhões percorrem os bairros em dias e horários definidos, recolhendo sacolas repletas de embalagens, restos de alimentos e outros materiais descartados. No entanto, a destinação final desse volume impressionante de resíduos ainda é um ponto de atenção.

Atualmente, a maior parte do lixo coletado em Osasco é encaminhada para aterros sanitários. Embora sejam estruturas projetadas para minimizar os impactos ambientais, os aterros têm vida útil limitada e representam a perda de materiais que poderiam ser reaproveitados. É nesse contexto que a reciclagem e a compostagem ganham protagonismo como alternativas mais sustentáveis.

Reciclagem: Potencial adormecido?

Osasco possui iniciativas de coleta seletiva, mas sua abrangência e efetividade ainda parecem aquém do potencial da cidade. Em alguns bairros, contêineres coloridos sinalizam a possibilidade de separar papel, plástico, vidro e metal. No entanto, a adesão da população nem sempre é a ideal, seja por falta de informação, de infraestrutura adequada ou de incentivos mais robustos.

Conversamos com Maria Silva, moradora do Jardim das Flores, que relata: “Aqui no meu bairro tem os contêineres, mas muita gente ainda mistura tudo. Falta mais informação sobre o que pode e o que não pode ser colocado em cada um. E às vezes a gente vê o caminhão da coleta comum levando tudo junto, o que desanima um pouco”.

A prefeitura de Osasco, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, afirma que existem programas de educação ambiental e parcerias com cooperativas de recicladores. Essas cooperativas desempenham um papel crucial na triagem e no reaproveitamento dos materiais coletados, gerando renda para diversas famílias. Porém, representantes dessas cooperativas frequentemente apontam desafios como a falta de apoio logístico, a baixa qualidade do material separado pela população e a necessidade de maior investimento em infraestrutura e equipamentos.

Compostagem: Transformando lixo em ouro orgânico

Em Osasco, políticas públicas em larga escala para a compostagem – o processo de decompor matéria orgânica e gerar adubo rico – ainda engatinham. Hortas comunitárias e projetos de educação ambiental exibem algumas iniciativas isoladas, mas o município ainda não implementou programas de compostagem domiciliar ou em grande escala de forma abrangente.

João Pereira, do grupo de agricultura urbana em Osasco, argumenta: “A compostagem reduziria incrivelmente o volume de lixo orgânico nos aterros. Além disso, diminuiria os custos de transporte e destinação e criaria adubo de excelente qualidade para parques, jardins e distribuição à população.”

A ausência de políticas públicas robustas de compostagem em Osasco desperdiça recursos significativos e perde a chance de engajar a população na gestão de seus próprios resíduos. Cidades vizinhas e outros municípios do país já implementaram com sucesso programas de compostagem, desde a coleta porta a porta de orgânicos até a instalação de grandes unidades de tratamento.

O que o futuro reserva?

A gestão de resíduos sólidos em Osasco necessita de uma revisão estratégica e por investimentos mais significativos em soluções sustentáveis. A ampliação e a otimização da coleta seletiva, com campanhas de conscientização eficazes e infraestrutura adequada, são passos urgentes. O incentivo à compostagem, seja em nível doméstico ou em escala municipal, representa uma oportunidade de reduzir drasticamente o volume de lixo enviado para aterros e de gerar benefícios ambientais e econômicos.

A participação da população é fundamental nesse processo. A separação correta dos resíduos, a busca por informações sobre os programas existentes e a pressão por políticas públicas mais eficientes são atitudes que podem impulsionar uma mudança significativa na forma como Osasco lida com o seu lixo. Afinal, o futuro da cidade passa, inevitavelmente, pela forma como ela escolhe descartar o seu presente

 

Ana Marin

"Sou Ana Marin, jornalista com 23 anos de experiência em produção de conteúdo audiovisual. Tenho três documentários e um podcast no portfólio, nos quais abordo temas variados como a língua brasileira e a ditadura militar. Além do jornalismo, sou apaixonada por cinema, teatro e artes visuais. Busco constantemente novas experiências e desafios para expandir meus conhecimentos.

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