Novo Ensino Médio desafia escolas estaduais de Osasco

Fonte: Daniel de Sousa Silva
Por Letícia Lima Laurino
A implementação do Novo Ensino Médio nas escolas de Osasco apresenta novos desafios para professores e alunos, exigindo soluções criativas para garantir o sucesso da proposta.
O Novo Ensino Médio (NEM), reformulado pelo Ministério da Educação com o objetivo de tornar a educação mais flexível e alinhada às necessidades dos estudantes, já chegou às escolas estaduais de Osasco. Embora a proposta seja vista como um avanço importante, ela tem gerado desafios para escolas, professores e gestores, especialmente no que se refere à adaptação do currículo e à reorganização da carga horária das disciplinas.
Para entender melhor essas dificuldades e as estratégias utilizadas na implementação do Novo Ensino Médio, conversamos com Daniel de Sousa Silva, coordenador pedagógico geral (CGPG) de 43 anos, formado em História e mestre em Estudos Culturais pela EACH-USP. Ele é professor efetivo da rede estadual há 15 anos, atualmente em exercício na EE Prof. Josué Benedicto Mendes, localizada na zona norte de Osasco.
A implementação do NEM exige que os professores se adaptem a mudanças significativas na estrutura curricular, além de novas abordagens pedagógicas. Embora a Secretaria de Educação tenha oferecido capacitação, fica a dúvida: será que os professores estão preparados para aplicar as novas diretrizes de forma eficaz?
“Recebemos apoio estrutural e algumas formações voltadas para a adaptação do material didático e dos itinerários formativos. Porém, a principal dificuldade é a falta de um processo mais amplo de escuta dos professores.”Daniel de Sousa Silva, coordenador pedagógico
O NEM trouxe novos desafios para o planejamento das aulas, com a introdução de itinerários formativos e ajustes na carga horária das disciplinas. A flexibilização do currículo exige dos educadores mais criatividade e inovação no ensino, além de mais tempo para preparar as aulas.
Os itinerários formativos foram criados para dar mais liberdade aos alunos, permitindo que escolham áreas do conhecimento que se alinhem com seus interesses e objetivos profissionais.
“Na nossa escola, os alunos podem optar por itinerários nas áreas de exatas ou humanas, ou até escolher um curso técnico, como administração ou desenvolvimento de sistemas. A escolha é deles, o que facilita para que se sintam mais motivados a aprender, pois a educação começa a se conectar mais com o futuro profissional que almejam.”
Daniel de Sousa Silva
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Desafios encontrados pelos educadores na implementação da reforma
Como toda reforma educacional, o Novo Ensino Médio enfrenta resistências. Muitos professores se depararam com dificuldades, como a necessidade de novas metodologias, a adaptação de disciplinas e o desafio de integrar as mudanças sem perder a qualidade do ensino.
“Algumas disciplinas que antes eram obrigatórias saíram do currículo e isso afetou o planejamento das turmas. Ao mesmo tempo, os vestibulares, como o Enem, continuaram cobrando matérias que não fazem parte dos itinerários.”Daniel de Sousa Silva
Uma das promessas desse novo modelo é aumentar o engajamento dos alunos, oferecendo uma educação mais personalizada e próxima dos seus interesses. A reforma tem como objetivo proporcionar uma formação mais qualificada e diversificada, preparando os alunos tanto para o mercado de trabalho quanto para o ensino superior. Mas a dúvida que reverbera é se essa nova abordagem está cumprindo o que promete.

“A flexibilidade dos itinerários realmente ajudou a manter os alunos mais motivados, pois eles escolhem o que estudar de acordo com suas preferências.”Daniel de Sousa Silva
Daniel complementa dizendo que não acredita que o Novo Ensino Médio, sozinho, seja suficiente para reduzir a evasão escolar. Segundo ele, outros mecanismos precisam complementar essa reforma, como a oferta de cursos técnicos, por exemplo.
A Secretaria Estadual de Educação tem um papel fundamental no apoio à implementação do novo modelo. No entanto, os desafios logísticos e administrativos continuam sendo uma preocupação nas escolas de Osasco.
“Por vezes, sentimos a necessidade de mais apoio em termos de infraestrutura e continuidade das formações. Isso é fundamental para que a reforma realmente funcione.”Daniel de Sousa Silva
Uma das expectativas do NEM é combater a evasão escolar, além de melhorar o desempenho dos alunos. Em Osasco, Daniel diz que é difícil medir resultados a curto prazo, mas destaca que, com a oferta de cursos técnicos e programas de apoio, como a Bolsa de Ensino Técnico, os alunos têm se mostrado mais interessados na escola, o que é um passo importante.
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A implementação do Novo Ensino Médio nas escolas estaduais de Osasco representa uma transformação significativa na educação pública, mas ainda há muitos desafios a serem superados. A adaptação dos professores, a reorganização dos itinerários formativos, as resistências por parte dos educadores e o impacto no engajamento dos alunos são aspectos que precisam ser continuamente ajustados. Apesar das dificuldades, a reforma tem o potencial de proporcionar uma educação mais flexível e conectada com os interesses dos estudantes, mas exige acompanhamento constante para garantir que os resultados esperados sejam atingidos.