Na quebrada também se aprende. Educação fora da escola cresce em Osasco

Por Fernanda Matos
Com pouco dinheiro no bolso e muita vontade de aprender, jovens e famílias da periferia de Osasco têm encontrado em projetos comunitários e iniciativas sociais e novas formas de estudar e sonhar com um futuro melhor. Cursos gratuitos, reforço escolar, arte, saúde mental e cursinhos pré-vestibular vêm ocupando becos, salões comunitários e até praças da cidade. E o melhor, tudo feito por gente da própria quebrada.
Apesar das dificuldades, dos colégios superlotados e da falta de estrutura, a busca por conhecimento segue firme. É no esforço coletivo dos grupos da quebrada que muitas oportunidades têm surgido.
Educação popular que abre caminhos
Muitos desses projetos vão além do formato tradicional da escola, oferecendo alternativas educativas que atendem às necessidades de quem está fora do eixo principal da educação pública. Osasco, com seus bairros periféricos, é um exemplo de como a educação comunitária tem mostrado força e resiliência. Ao invés de seguir o formato rígido das escolas tradicionais, as iniciativas nascem de uma forma mais próxima da realidade local, com tambor, com livros doados, com rodas de conversa, com apoio de pessoas que acreditam que aprender é um direito de todos, independentemente de onde se mora.
De reforço escolar à saúde mental
O Projeto Base é um exemplo de como esses espaços podem ser transformadores. Com uma proposta que une reforço escolar e discussões sobre saúde mental, o projeto é um espaço onde moradores se encontram para estudar, conversar e se apoiar mutuamente.
Outro exemplo importante é o Cursinho Popular Helena Pignatari, localizado no campus da UNIFESP Osasco, que prepara jovens da rede pública para o ENEM e vestibulares, de forma gratuita e com um forte compromisso com a inclusão social.
Arte, cultura e leitura também educam
Além dos cursos e aulas, os projetos comunitários também investem na educação através da arte e da cultura. Através de oficinas de percussão para jovens e outras atividades culturais, muitas pessoas estão aprendendo não apenas técnicas, mas também sobre a importância da expressão artística como forma de resistência e afirmação da identidade.
No Jardim Rochdale, a Associação Fazendinha criou uma biblioteca comunitária que oferece livros infantis e aulas de reforço para as crianças da região, incentivando o hábito da leitura e o aprendizado fora da sala de aula convencional.
Como entrar nessa também?
Para quem deseja se envolver ou buscar alternativas educativas na região, aqui estão algumas dicas:
- Siga as páginas de ONGs e associações de bairro nas redes sociais. A maioria dos projetos compartilha suas iniciativas e abre vagas para novos participantes.
- Fique de olho nas escolas públicas e centros comunitários — muitas vezes, esses locais divulgam cursos e atividades extras.
- Participe de grupos locais no WhatsApp ou Facebook. Esses grupos são um excelente ponto de encontro para quem quer saber sobre novos projetos.
- Se você tem habilidades para compartilhar, considere ser voluntário(a) — ensinar também é uma forma de aprender, e sua contribuição pode fazer toda a diferença para quem mais precisa.
A educação é para todos. E a quebrada de Osasco mostra que, mesmo com desafios, é possível fazer diferente e transformar realidades.
Em Osasco, como em tantas outras periferias, a luta pela educação de qualidade continua sendo um processo coletivo. E os projetos comunitários estão se tornando peças chave nesse caminho, oferecendo alternativas que fortalecem e ampliam o acesso ao conhecimento.