De acordo com uma pesquisa publicada na Revista Science, 10% da população mundial apresenta algum tipo de transtorno de aprendizagem. Vários fatores podem influenciar a dificuldade em aprender, o que faz os pais se sentirem perdidos sem conseguir identificar se o problema é fruto de alguma alteração biológica, que acompanhará a criança por toda a vida, ou se é apenas algo temporário, causado por fatores externos.
Para iniciar a discussão é importante explicar que “dificuldade de aprendizagem” é algo completamente normal e passageiro. Costumamos ter dificuldade para estudar algumas matérias e facilidade em outras. Os fatores Exploring the World of Free Movies on Online Sites que ocasionam dificuldades de aprendizagem são diversos e variam de pessoa para pessoa. Entre os mais comuns estão:
– Falta de infraestrutura adequada: fatores ambientais como falta de ventilação, local mal iluminado, muito frio, úmido ou sem segurança. Material didático inadequado ou desinteressante. Carteiras, mesas e lousas em mal estado de conservação. Equipe docente mal treinada, desmotivada ou mal remunerada também pode interferir na aprendizagem dos alunos. É importante lembrar que em casa, a criança também precisa de um local tranquilo e sem barulho para se concentrar, fazer o deveres de casa e revisar o que foi aprendido em classe.
– Fatores sociais: eventos inesperados como perda de entes queridos, divórcio dos pais, problemas financeiros, conflitos constantes em casa, familiares com dependência química ou alcoolismo, sensação de medo e insegurança causam ansiedade e impedem que o aluno se concentre nas aulas. Pessoas em condição de vulnerabilidade social, crianças com má alimentação e adolescentes que chegam na escola cansados por causo do trabalho também tem mais dificuldade de focar nos estudos.
– Fatores físicos ou biológicos: problemas de vista, audição ou dificuldade de locomoção. Problemas do humor como depressão, distúrbio bipolar, ansiedade, doença crônica etc.
Dificuldades também podem ser apenas resultado de distrações, ausência de uma rotina de estudo, falta de motivação ou devido a problemas temporários como algum fator emocional ou problema de saúde que a criança esteja passando, como um resfriado ou problemas gastrointestinais. Nestes casos o aluno consegue se recuperar facilmente. A participação e acompanhamento na vida escolar, com definição de horários fixos de estudo e a cobrança afetuosa dos pais ajudam a criança a se organizar e ter melhores resultados.
Pesquisas indicam que crianças que vem de lares estruturados, com uma rotina bem definida, alimentação balanceada e horas de sono adequada, possuem rendimento escolar melhor que as demais. A formação escolar dos pais também pode influênciar positivamente o desenvolvimento das crianças. O uso de um vocabulário mais amplo e a presença de livros em casa estimulam o desenvolvimento infantil.
Por outro lado, a cobrança excessiva pode causar sérios problemas. Quando as críticas são frequentes e a expectativa dos pais é maior que a capacidade de respostas das crianças, elas tendem a desconfiar de si mesmas. O medo de decepcionar, a ansiedade e a pressão de saber que estão sendo avaliadas, podem causar um bloqueio mental. É comum ouvirmos relatos de estudantes que se prepararam bem, mas experimentaram uma sensação de “branco” durante as provas. Outros, ficam tão tensos que esquecem completamente o que acabaram de ler.
Além disso, quando não há apoio por parte dos pais e professores, acontece o que os psicólogos chamam de “desamparo aprendido”. Esta expressão foi cunhada pelos psicólogos, Martin Seligman e Steven Maier que desenvolveram um experimento com cães, expondo os animais a choques dos quais eles não podiam evitar. Com o tempo eles desenvolveram uma resposta passiva não evitando os choques mesmo quando era possível. De forma similar, crianças que tem um rendimento ruim na escola e não recebem apoio, perdem a motivação e se conformam, passando a acreditar que nunca vão conseguir tirar boas notas. Para se proteger da frustração de não atender as anseios dos pais, podem agir com cinismo, rebeldia ou apresentar comportamento agressivo. Outros, fogem das atividades ou até mesmo abandonam a escola, pois acreditam que não são capazes de melhorar.
Contudo, um estudo publicado na revista Pangaio Acadêmico concluiu que intervenções positivas fornecem novas formas de construir relações entre professores, estudantes e a família, reduzindo a sensação de ansiedade e impotência prevenindo problemas de conduta, aumentando a resiliência e melhorando o desempenho acadêmico dos jovens em até 11%. Desta forma, a participação frequente e a postura paciente e carinhosa pode fazer toda diferença. Com o apoio adequado (e acompanhamento médico quando preciso) as dificuldades de aprendizagem tendem a desaparecem em poucos meses. Psicólogos e psicoterapeutas podem orientar tanto os pais quanto os filhos, a realizarem essas mudanças no dia-a dia. O apoio da família é crucial para que a criança se sinta segura e amada, e assim possa superar as dificuldades.
Uma pesquisa publicada na revista Gestão & Educação, concluiu que a expectativa do docente em relação ao desempenho do estudante também pode afetar significativamente o desempenho acadêmico dos estudantes. Isso é o que eles chamam de “efeito Pigmalião”. O termo deriva da lenda do escultor Pigmalião que esculpiu a estátua de uma mulher e acreditou tanto que ela pudesse ser de verdade, que a sua criação tomou vida. Da mesma forma, quando o professor acredita no potencial do aluno, o jovem tende a ter um desenvolvimento melhor. Já quando é desencorajado, passa a ter resultados ruins se sentindo incapaz de acompanhar a turma. É preciso saber elogiar a criança em público e lembrar de chamar a atenção individualmente para evitar constranger o aluno. Por isso, é tão importante que os professores estejam preparados para orientar e dar suporte em sala de aula, aos alunos que apresentam dificuldades e prinicpalmente aqueles que possuem algum tipo de ” transtorno de aprendizagem”.
Foto: Homem tentando estudar – Designed by Freepik
Diferente das “dificuldades de aprendizagem”, os Transtornos de Aprendizagem, são condições neurológicas que dificultam o processo de receber, analisar e reter as informações. A pessoa com essas características, possui limitação para ler, escrever e calcular o que atrapalha diretamente a sua vida escolar. Entre os trasntornos mais conhecidos estão:
– Dislexia: dificuldade de reconhecer, identificar, organizar e decodificar letras e palavras. A pessoa não consegue organizar textos e ideias ou compreender o texto que está lendo. Normalmente troca a ordem das letras e inverte as sílabas. Também comete muitos erros de escrita e pontuação. Isso causa uma enorme dificuldade para ler. Muitas vezes as pessoas dislexas são confundidas com pessoas preguiçosas e que não gostam de leitura.
– Discalculia: dificuldade de identificar números, realizar operações matemáticas. As dificuldades vão além de não saber fazer conta, elas não conseguem entender o pensamento matemático.
– Dispraxia: transtorno neurológico que afeta a coordenação motora, causando lentidão para realizar atividades cotidianas com se trocar, comer ou caminhar ou praticar exercícios.
– Disortografia: dificuldade motora de escrever e delinear as letras. Não conseguem organizar as ideias e os textos costumam não fazer muito sentido. Costumam demorar muito para aprender a escrever.
– TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. Dificuldade em manter a atenção, se distrai com barulho ou qualquer pequena movimentação ao redor. Começa várias atividades, mas acaba não terminando nenhuma delas. Constantemente esquece as datas de provas, trabalhos e compromissos. Não se recorda onde guardou as coisas ou perde com frequência os materiais escolares. Tem dificuldade em seguir instruções. Comete muitos erros por desatenção, como por exemplo não ler corretamente o enuciado. Parece não escutar a explicação que está sendo passada. Balança os pés, bate os dedos repetidamente, se contorce ou se pendura na cadeira. Tem muita dificuldade de ficar quieto por longos períodos. É inquieto e em alguns casos fala muito durante as aulas. Se perde com facilidade, ou não presta atenção no caminho.
Entretanto, é importante lembrar que estes transtornos não são um impedimento para aprender. Embora o tratamento possa ser um pouco mais longo, é possível ter uma vida totalmente normal. Com o apoio médico de profissionais como, fonoaudiólogos, psicoterapeutas, psicopedagogos ou psicólogos, os jovens podem seguir a vida escolar sem ter atrasos. Pessoas com TDAH, por exemplo, possuem hiperfoco quando encontra atividades que gostam, podendo ignorar completamente o que acontece ao redor, como por exemplo, quando estão jogando vídeo game. Com a estratégia certa, é possível usar essa mesma habilidade para se dedicar aos estudos. Já indivíduos com dislexia, podem ter um desempenho excepcional com sistemas, processos e técnicas, pois com possuem habilidade para resolver problemas complexos.
De acordo com a mídia, diversas pessoas com transtornos de aprendizado obtiveram grande sucesso profissional. Tom Cruise e Steven Spielberg por exemplo sofrem de dislexia, assim como Albert Eintein, Van Gogh e Darwin. A cantora Cher tem discalculia. Já o ator Daniel Radcliffe, que interpretou o personagem Harry Potter nos cinemas possui dispraxia e o cantor Justin Timberlake possui TDAH.
Saiba identificar os sinais
Embora apenas um profissional da saúde possa fazer o diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado, há alguns sinais que podem ser observados e que servem de alerta:
– Demora a aprender a falar (dizem as primeiras palavras por volta dos 2 anos de idade);
– Crianças após os 5 anos que ainda falam muito errado, com sílabas trocadas, que normalmente apenas os pais conseguem entender;
– Dificuldade de coordenação motora, não consegue juntar peças, encaixar formas geométricas;
– Dificuldade de seguir instruções, focar a atenção e se lembrar onde guardou as coisas;
– Incapacidade de identificar números e realizar cálculos;
– Dificuldade para ler e compreender o texto.
Para superar os transtornos de aprendizagem, é importante fazer o diagnóstico cedo, para evitar atrasos e prejuízos na vida escolar. Muitas pessoas são diagnosticadas apenas na vida adulta, quando já tiveram grandes impactos na sua vida escolar, pessoal e profissional.
Vale lembrar que foi aprovada a Lei nº 14.254 de 30/11/2021 que garante acompanhamento integral para pessoas com dislexia ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem nas escolas da educação básica das redes pública e privada. Segundo o site do Senado Feredal, esta lei também garante o acompanhamento com profissionais da rede de saúde, assistência social e identificação precoce dos transtornos de aprendizagem.
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