Educação

Inclusão escolar: apoio profissional para crianças com deficiência

Matéria escrita por Maíra Cordeiro, com publicação e atualização de Thony Azevedo.

Segundo o Censo do IBGE de 2022, 8,9% da população brasileira, cerca de 18,6 milhões de pessoas, têm algum tipo de deficiência. Anteriormente, essas pessoas frequentavam instituições especializadas, mas em 2008, o governo lançou a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), priorizando a educação em escolas regulares. Hoje, 89,3% das crianças com deficiência entre 6 e 14 anos frequentam o ensino fundamental, em comparação com 93,9% sem deficiência. No ensino médio, a frequência é de 54,4% para pessoas com deficiência entre 15 e 17 anos, contra 70,3% sem deficiência. Para o ensino superior, entre 18 e 24 anos, as taxas são de 14,3% e 25,5%, respectivamente.

Embora os números tenham aumentado devido à PNEEPEI e outras políticas, é visível que ainda há um caminho a ser percorrido. A política de inclusão escolar ainda tem falhas e há problemas a serem resolvidos. Conversamos sobre este assunto com a professora Isabel Cristina de Almeida Navarro, pedagoga habilitada em ABA, de uma instituição em São Paulo que oferece apoio multidisciplinar.

Assessoria às escolas

Isabel atua prestando apoio às escolas onde alunos com idade de 4 a 7 anos são atendidos pela instituição e realizam seus estudos regulares, seja na educação infantil ou no ensino fundamental. A pedagoga, embora admita os avanços da PNEEPEI, ressalta a importância de resoluções locais.

“A cidade de São Paulo tem vários déficits ainda, mas já tem as auxiliares de vida escolar que cuidam da alimentação, higiene e locomoção das crianças com deficiência. Quando essa criança já está bem assistida, ela pode atender as outras crianças. Já existe o PAEE, Professor de Apoio à Educação Especial, que fica com o professor da rede regular. Porém, outros municípios, como Osasco e Itapevi, são carentes desse apoio. Então se vê como faltam leis de políticas públicas gerais, falta uma lei estadual para ajudá-los.”

Sempre trazendo uma visão da inclusão como um tema complexo e com várias camadas, Isabel cita a importância do papel dos professores.

“Os professores também precisam de apoio. Eu não posso acolher a fragilidade de um e agravar a fragilidade do outro. Se eu fizesse desta forma estaria renegando a fragilidade do professor, sendo que eu já lido com uma família que pode ter sido renegada. Eu não posso fazer o mesmo. Seria extremamente injusto e inadequado sobressair uma fragilidade à outra, porque é o que falo: não existem culpados. A inclusão é um processo muito delicado, porque mexe com aquilo que é intrínseco dentro de cada um.”

Apoio às famílias

A assistência às famílias de crianças com deficiência é um tema pouco abordado pela mídia, teve apenas algumas pinceladas depois da tragédia que ocorreu no Centro-Oeste do país, noticiada no último dia 09/01. A mãe de um jovem autista tirou a própria vida após tirar a vida do filho. O suporte às famílias, porém, é presente no cotidiano dos profissionais que trabalham com esse público. Isabel salienta a necessidade do apoio às famílias de crianças com deficiência, em especial às mães.

“A mãe de uma criança com deficiência muitas vezes para tudo para viver para esse filho, e também vive um luto. Muitas descobrem [a deficiência] na hora do parto. Muitas vezes o marido a deixa, a avó renega a criança… A mãe fica obrigada a parar de trabalhar, ficam em subempregos. Existem muitos problemas de cunho emocional e também da falta de rede de apoio, falta de informação. Então, na instituição onde atuo, nós convidamos as famílias a participar dos atendimentos e, a partir dos 7 anos da criança, quando os atendimentos passam a ser em grupos maiores, há reuniões semanais para as mães, onde elas fazem algum artesanato, como se fosse uma terapia de grupo. A instituição também oferece apoio psicológico para as famílias.” diz a pedagoga.

Atuação junto às escolas e famílias

Isabel forneceu maiores detalhes sobre o projeto de inclusão escolar em que atua. No Projeto Visita Escola, há uma equipe multiprofissional composta por Pedagogas, Psicopedagogas, Assistentes Sociais, Psicólogas e Estagiárias de Serviço Social e Psicologia. Em seu trabalho, prestam apoio às famílias por meio de acolhimentos (pedagógicos e psicológicos), workshops e palestras, acompanhamento das presenças e das faltas, além dos períodos de trocas de ciclo (como a entrada para o primeiro ano). Com as escolas sensibilizam os profissionais da rede regular de ensino sobre o bullying, adaptam materiais e promovem palestras para apoiar a inclusão escolar e a permanência da criança com deficiência. O projeto já atendeu 34 escolas até o presente.

Procure ajuda

Caso você necessite de apoio psicológico, procure ajuda profissional. Existem instituições que oferecem atendimento a preços populares ou mesmo gratuitos, como o Projeto Base. Veja no Instagram do projeto, onde é possível, também, entrar em contato: @projetobaseosasco.

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