O incentivo à arte periférica como alternativa de acesso à cultura e à diversidade

A arte é um elemento essencial para a sociedade, pois permite que o indivíduo se expresse das mais diferentes maneiras, seja através da dança, pintura, música, poesia, entre outros. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, ainda há muitos artistas lutando para ter reconhecimento, principalmente os artistas das comunidades.
Apesar da Secretaria de Cultura da prefeitura de Osasco ter se utilizado da Lei Aldir Blanc para financiar apenas 67 projetos culturais em setembro de 2024, tais artistas periféricos tiveram a oportunidade de compartilhar sua arte e impactar um grupo maior de pessoas.
O responsável pelo espaço Castelo Cultural, Luiz Alberto Rodrigues Pereira, acredita que os editais culturais são um ótimo primeiro passo para artistas periféricos. Luiz começou a se inscrever nestes editais em 2020, devido ao seu passado envolvendo festa do Boi-bumbá, criação de rimas de hip hop, bailes de forró e samba-rock, além de danças de salão para idosos no hospital em que trabalhava como enfermeiro.

“Sempre que havia algo relacionado à música, dança e arte em geral, eu buscava participar. Quando eu tinha entre 35 e 36 anos, eu e minha esposa decidimos transformar o sobrado da nossa casa em uma área de festas, um espaço para que as pessoas pudessem festejar e fazer apresentações. […] Aqui já tivemos feiras criativas, onde artesãos da comunidade expuseram o trabalho deles, aulas de culinária, palestra de finanças com o Grupo Bradesco, apresentações de artistas locais e outros eventos gratuitos para a comunidade”, conta o artista.
Segundo ele, o objetivo do Castelo Cultural é, principalmente, fazer com que as pessoas possam se divertir, socializar e ter mais contato com a arte. “Com a pandemia, a população acabou se fechando socialmente, se retraindo. Quero fazer com que, a partir da arte, as pessoas se reúnam, se divirtam e aprendam”, diz Luiz.
Ele ainda compartilha que tem projetos próprios – os quais envolvem festa do Boi e dança de salão para idosos – e, graças aos diversos editais em que se inscreve, pode levar seu trabalho a novos públicos. “Esse ano vou sair de Osasco para fazer minhas apresentações. Inclusive, tenho apresentações marcadas até o meio do ano. Pela [Lei] Aldir Blanc, vou fazer um baile para a terceira idade em Itanhaém, porque todo ano vou lá para auxiliar em projetos culturais; pelo Sesi vou apresentar o Boi de Oz na Avenida Paulista, em Campinas e Piratininga”, contou.
Pessoas e cultura
A sociedade e a arte estão intimamente ligadas, mesmo que nem sempre isso seja óbvio. E, a partir dela, cada indivíduo irá interpretar e assimilar à sua maneira, independente de qual tipo de arte seja. Na visão de Luiz, o papel da arte nos dias atuais deveria ser ensinar e até mesmo orientar o receptor. “O artista, o cantor e até mesmo o jornalista deveria fazer o seu trabalho enquanto faz críticas sociais e, dessa forma, despertar aqueles que estão assistindo, ouvindo ou lendo”, explica.
Além de ensinar e despertar, o artista acredita que adentrar no mundo da arte ajuda na construção de objetivos de vida, mesmo que a arte não seja o “ganha pão” principal da pessoa, pois ela tem o poder de mudar visões de mundo e, assim, ajudar na conexão com os outros.
Luiz conclui dizendo que introduzir projetos artísticos nas escolas é essencial para que os jovens despertem e passem a entender a realidade em que se encontram. “O rap, por exemplo, fala muito da nossa realidade. Eu mesmo fiz um EP no começo dos anos 2000 falando da importância da educação para os jovens da periferia. E, com meu novo projeto, eu vou às escolas da região para mostrar para a molecada a partir do rap o quanto é importante expandir nosso conhecimento e crescer na vida”, conclui.