Hortas Comunitárias

Hortas comunitárias ou sustentáveis, são espaços públicos que são destinados para a produção de alimentos e plantas em geral, sem o uso de pesticidas e/ou adubos químicos. Normalmente contam com trabalho voluntário e as responsabilidades e a produção são repartidas entre os membros da comunidade.

O espaço é dividido em canteiros específicos para cada espécie e a produção pode ser comercializada em feiras orgânicas, trocadas por insumos ou outros alimentos. Para garantir um melhor aproveitamento do espaço é aconselhável ter o apoio de uma equipe técnica, que possa dar orientação sobre a preparação adequada do solo, adubação e compostagem, técnica de cultivo das diferentes espécies e controle de pragas. Também é importante se informar sobre o uso consciente da água, seleção de sementes e rotação de culturas para reduzir o desgaste do solo e aumentar a produção.

Os desafios são muitos, desde a conquista pela concessão do espaço, treinamento dos membros e os desafios de administrar os custos e promover as vendas. Mas o trabalho coletivo reparte as responsabilidades entre os membros, geram renda às famílias, oferecem postos de trabalho, gera aprendizado e consciência ambiental, além de garantir uma alimentação mais saudável. 

 As hortas comunitárias trazem incontáveis benefícios, transformando locais abandonados ou em má conservação em áreas cultivadas. Evitando acúmulo de lixo e proliferação de doenças e ajudando no escoamento das águas das chuvas. Esses locais também se tornam espaços de convivência social, troca de experiências e de aprendizagem, contribuindo para a saúde física e mental dos moradores da região.

Horta Sustentável – Foto de divulgação: CEASO

CEASO: a horta sustentável do Jardim Piratininga

Maristela Leamare, 66 anos, é presidente do Centro de Ação Socioambiental de Osasco (Ceaso) e coordenadora do Projeto Horta Viva. Ela acumulou uma longa experiência trabalhando junto a comunidades carentes desenvolvendo oficinas de artesanato e de costura com material reciclado. Desde 1998 atuou como líder na Pastoral da Criança e no Lar da Criança Vicentina. Em 2004 conseguiu uma parceria com uma multinacional que empregou 7 mulheres, com confecção de sacolas com material Tetra Pak, gerando renda às famílias e fornecendo almoço e cesta básica. Também confeccionavam sacolas e banners em feiras, em empresas como Avon e Natura.

Em 2010, em parceria com uma amiga decidiu iniciar um projeto para oferecer alimentação saudável e livre de agrotóxicos. Nasceu assim o projeto “Horta Viva” que tinha o objetivo de oferecer alimento de qualidade e um espaço de convivência para os moradores de Osasco.

Canteiros – Foto de divulgação: CEASO

Educação, saúde e geração de renda para comunidade

Após desenhar o projeto, entrou em contato com diversas instituições em busca de um espaço para construção de uma horta comunitária. No ano de 2017 conseguiu através da Transpetro, a concessão de uma área de 1870m2, no bairro de Jardim Piratininga. 

Superando todas as dificuldades, ela desenvolveu o projeto do zero, com ajuda de outros três organizadores. Juntos, conseguiram uma parceria com um mercado local que fornecia alimentos que não estavam aptos a serem comercializados, para serem utilizados na adubação da horta. 

Em seguida, criaram um sistema de compostagem usando matéria orgânica para fazer o preparo do solo. A comunidade ajudava, trazendo cascas de batata e restos de vegetais (excetos frutas cítricas que aumentam a acidez da terra). As sementes de frutas e vegetais, como o pimentão por exemplo, eram extraídas manualmente, tratadas e plantadas. Também usavam raízes de verduras como catatonia, para iniciar os canteiros. 

Com esforço e perseverança conseguiram as primeiras mudas.  O que crescia era comercializado em feiras orgânicas realizadas em condomínios residenciais, no SESC ou em postos montados em uma rotatória. O lucro era usado para adquirir itens como vinagre, cal e calcário usados na adubação do solo, além de detergente e bandejas usadas no plantio. 

Para reduzir os gastos, eles se deslocavam até Ibiúna para conseguir insumos a preços mais acessíveis. Visando a sustentabilidade, desenharam um sistema de irrigação por gotejamento, usando água de reuso. Desta forma, a água da chuva do telhado do imóvel vizinho, era escoada e armazenada em duas caixas d’água, totalizando 5.000 mil litros. Desta maneira, a água da rua só seria usada quando os reservatórios tivessem se esgotado. 

Com essa iniciativa, o projeto pretende gerar postos de trabalho para mulheres chefes de família e aposentados que morem no entorno da horta. Com o apoio do Fórum de Pequenas Causas, conseguiu incluir 30 homens, que cumprem penas e medidas socioeducativas, nas atividades do projeto, ajudando-os a se reinserir na sociedade. Atualmente a horta produz verduras, legumes, ervas e plantas medicinais e até mesmo espécies ornamentais. 

Nos canteiros são cultivadas ervas como: coentro, cebolinha, cidreira, lavanda. Legumes e verduras como: pimentões, pimenta cambuci, berinjela, brócolis, tomate, couve, repolho e uma variedades de verduras tais como alface, catalônia, almeirão etc. 

Projeto socioeducativo – Foto de divulgação: CEASO

Educação ambiental e alimentação saudável

A ONG também oferece Workshops para a comunidade sobre: o manejo do solo e plantio; compostagem/adubação; PANG – Mato que se alimenta; Ervas/tinturas. Essas atividades incentivam a convivência e o engajamento das pessoas da comunidade, além de transformar um espaço que estaria abandonado em algo que beneficia toda a comunidade.

Projetos educacionais – Foto de divulgação: CEASO

Além disso, desenvolve atividades educativas em parceria com as escolas da região. Muitos temas podem ser incluídos nos currículos escolares e as crianças têm a oportunidade de descobrir como os alimentos são cultivados. Para quem gosta de ciências, é possível ver de perto um minhocário, descobrir como fazer compostagem e acompanhar o processo de preparo do solo. O conhecimento adquirido pode ser reproduzido, criando hortas sustentáveis nas escolas ou até mesmo plantando alimentos no quintal de casa. Ações como esta, despertam a conscientização ambiental e estimulam uma alimentação mais natural e saudável. 

Mais informações: 

Programação do Projeto: