Evasão escolar crescente no Ensino Médio em Osasco-SP

Como o impacto da evasão afeta a perspectiva de ensino do E.M. em Osasco-SP

Por: Letícia Melo

Data: 30/08/24

 

Em Osasco – SP já se observa o aumento de uma das dificuldades a nível nacional: a evasão dos estudantes em etapa escolar de Ensino Médio. Na presente matéria serão embasadas as taxas, percentuais e análises para dimensionar como o agravante afeta a comunidade usando como exemplo a Escola Estadual PEI Professor Josué Benedicto Mendes. Serão apresentados dados retirados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com o Censo Escolar de Educação Básica e pela Plataforma de Análise de dados do Inep QEdu.

• Evasão nas Escolas Brasileiras – Resumo do Panorama Geral

A partir do resultado do último Censo Escolar (2023) disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), se observa a gradativa defasagem no ensino, com a queda das notas de alunos após o período de pandemia. A seguir, um dos gráficos disponibilizados:

Taxa de Aprovação Segundo a Etapa de Ensino do Ensino Médio em Porcentagem (2018-2022)

O documento ainda aponta que “em 2023, foram registradas 7,7 milhões de matrículas no Ensino Médio. O total de matrículas apresentou uma redução de 2,4% no último ano. A rede estadual possui a maior participação na matrícula do ensino médio, com 83,6%, seguida pela rede privada (12,9%)”, de acordo com o Censo Escolar da Educação Básica – 2024.

• Osasco – SP

Com um olhar mais atento ao município de Osasco-SP, os dados do último levantamento do QEdu em concomitância com os estudos do INEP (2022-2024), mostram muitos aspectos da educação dos jovens no Ensino Médio:

• As taxas de abandono aumentaram percentualmente com o passar dos anos escolares de Ensino Médio e, em contrapartida, as taxas de reprovações diminuem em conjunto com o aumento das aprovações:

Taxa de Aprovados, Reprovados e de Abandono Escolar em Osasco – SP (2022)

• Os jovens em Osasco adentram o Ensino Médio com percentual significativo de atraso de Ano Escolar – Idade, representando 9,3% de alunos com pelo menos dois anos de atraso:

Taxas de Distorção Idade-Série (2023)

Apenas em análises de dados dos alunos se tem um panorama de que em Osasco, apesar das evasões relativamente crescentes e da incidência de alunos em atraso escolar, os alunos em geral se mostram em relativa vantagem quando comparados a níveis nacionais nas mesmas taxas.

• Ponto de vista da região de Osasco-SP

A Escola Estadual PEI Professor Josué Benedicto Mendes se localiza na cidade de Osasco, no bairro de Munhoz Jr. O Coordenador de Gestão Pedagógica Geral, Profº Daniel de Sousa, foi o entrevistado convidado para debater sobre os assuntos da matéria, tais como o ensino atual na escola e a perspectiva como gestor da vida escolar dos alunos da comunidade.

1. Professor Daniel de Sousa

Leciona há 14 anos, tendo formação em História. Mestre em Estudos Culturais pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente leciona em um colégio particular em Carapicuiba-SP e exerce a função de Coordenador Pedagógico.

2. Novo Ensino Médio

Em recente estudo quantitativo realizado pelo Datafolha, com jovens na faixa etária de 14 a 16 anos, observa-se que o impacto do Novo Ensino Médio despertou o interesse de muitos jovens: cerca de 36% avaliam como muito positivas as mudanças da matriz curricular e cerca de 65% mostram a preferência por um ensino com flexibilidade das matérias abordadas.

A pesquisa mostra certo aspecto positivo com os novos ingressantes do ensino a nível nacional, em contraponto muitos preferem ingressar em cursos profissionalizantes e/ou técnicos, por falta do ensino de matérias que recaem sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). De acordo com o Datafolha 2024, “entre os estudantes que gostariam de fazer um curso técnico, cerca de 1/5 deixaria de optar pela modalidade caso tivesse menos aulas relacionadas aos conteúdos que são cobrados na prova do Enem e dos vestibulares”.

Do lado dos gestores e educadores observa-se a dificuldade de alinhar a nova matriz e o seu ensino de competências e habilidades através de meios mais modernos e tecnológicos. O Profº Daniel aborda: “A tecnologia também tem desempenhado um papel crescente na educação, e a matriz de ensino reflete essa tendência ao incorporar habilidades digitais e a utilização de ferramentas tecnológicas no processo de aprendizagem. No entanto, o desafio está em garantir que todos os alunos tenham acesso igualitário a esses recursos”.

Desafios como a falta e/ou má distribuição de recursos são vistos de forma rotineira nas escolas, tornando uma barreira a mais no ensino dos jovens.

O professor ainda aborda outros aspectos que ainda afetam a permanência dos jovens nas escolas: questões familiares motivados por diversos fatores ou mesmo a falta de perspectiva dos jovens, de que o ensino pode se tornar mecanismo de transformação social. O que acaba por ressaltar um dos pontos da pesquisa do DATAFOLHA: “Todavia, temos visto um forte engajamento dos alunos nos cursos técnicos oferecidos em nossa escola”, diz o professor.

A escola Josué Benedicto caminha pela educação em contraponto ao que se observa de forma comum, se mostrando uma escola engajada em: desenvolvimento de projetos com os alunos e no resgaste de alunos através de busca ativa. Tais projetos e incentivos dão resultados marcantes: um dos jovens resgatados se tornou medalhista na Olimpíada de Matemática.

O Profº Daniel ressalta também os méritos dos próprios alunos: “Nossos jovens são comprometidos e engajados, sendo protagonistas de muitas ações ao longo do ano. Organizam ações, realizam assembleias para discutir problemas e buscam sintetizar seus anseios e suas expectativas amparados por nós como rede de apoio”, afirma.

• Pontuar perspectivas futuras sobre o Ensino em Osasco

Atualmente se observa o esforço de escolas e o incentivo da Prefeitura de Osasco, além dos demais órgãos, para estimular os jovens nas etapas de ensino como a abertura do novo Centro de Inclusão Digital em março desse ano. Entre os demais projetos, ainda sim existe uma relativa falta de incentivo na permanência dos jovens nas escolas na etapa de Ensino Médio a nível estadual, o que não retira o mérito de escolas de localidades diversas que possuem incentivos próprios para melhorar e estimular a educação dos alunos, como visto na E. E. PEI Professor Josué Benedicto Mendes.

Ainda é urgente mitigar os efeitos da evasão como um todo: problemas de infraestrutura, do quadro de docentes reduzido ou mesmo de estímulos diretos aos jovens para ingressar no Ensino Superior. A partir dos dados analisados pode-se prever que os alunos não se encontram preparados para realizar exames como o ENEM, levando a futuras frustrações e desistências. Ressaltando a necessidade de agregar programas de incentivo para permanência dos jovens em escala local (fora os incentivos nacionais como o Pé de Meia), quando se observa o alto índice de alunos “atrasados” adentrando o Ensino Médio, mostrando que a Educação Básica deve receber um olhar atento para redução deste número.