Empreendedorismo rural: o renascimento do agroempreendedorismo

O campo brasileiro está passando por uma transformação significativa, com o ressurgimento de um movimento que une tradição e inovação: o agroempreendedorismo. Este fenômeno, conhecido como empreendedorismo rural, não apenas revitaliza a economia das zonas rurais, mas também gera novas oportunidades para o desenvolvimento de soluções criativas no agronegócio. O cenário atual mostra que o campo deixou de ser apenas um local de produção primária para se tornar um verdadeiro laboratório de inovações.

Os agroempreendedores, como são chamados os empreendedores do campo, atuam em uma variedade de segmentos. Eles não se limitam à produção e venda de produtos agrícolas, mas também se envolvem em consultoria e desenvolvimento de novas tecnologias, além de  ajudar no fortalecimento da agricultura familiar. Esta, inclusive, é um dos pilares da produção alimentícia no Brasil, sendo responsável por uma parte significativa do que chega às mesas dos brasileiros.

O MEI no agronegócio

Para muitos desses profissionais, formalizar suas atividades através do Microempreendedor Individual (MEI) tem sido uma porta de entrada para uma série de benefícios. O MEI permite que atividades industriais, de produção agrícola, de comércio, entre outras, sejam regularizadas, desde que o faturamento anual não ultrapasse R$81 mil. Isso facilita a emissão de notas fiscais e o acesso a crédito e a financiamentos agrícolas; a carga tributária é reduzida, enquadrada no Simples Nacional.

Essa formalização é fundamental para os pequenos produtores que dependem de sua produção para subsistência. Ao se tornarem MEI, esses empreendedores podem expandir suas operações, tornando-se mais competitivos e melhorando sua participação no mercado. Além disso, essa estrutura incentiva o surgimento de novos negócios no campo, atraindo jovens que desejam continuar ou iniciar um empreendimento familiar.

Agricultura familiar: a base do agroempreendedorismo

A agricultura familiar é um exemplo claro do potencial do agroempreendedorismo. Pequenos produtores utilizam suas propriedades para cultivar uma grande diversidade de produtos, desde milho e mandioca até frutas, hortaliças e pecuária. Essa diversidade não apenas garante a subsistência da família, mas também gera excedentes que são comercializados em mercados locais, como feiras de produtores.

Conforme a Lei 11.326/06, para que um empreendimento seja considerado agricultura familiar, ele deve seguir critérios específicos, como a posse de terra com até quatro módulos fiscais e o uso de mão de obra exclusivamente familiar. Essas características tornam a agricultura familiar um modelo de negócio autossustentável, capaz de promover o desenvolvimento econômico e social nas regiões onde está presente.

Tecnologia e inovação no campo

O campo está longe de ser um ambiente alheio à tecnologia. Cada vez mais, os empreendedores rurais adotam softwares de gestão, utilizam maquinários modernos e aplicam novas técnicas de cultivo e manejo de animais. Esse movimento de modernização tem sido essencial para aumentar a produção e a rentabilidade das atividades agrícolas.

Empreender nesse ramo vai além de apenas utilizar tecnologia; trata-se de oferecer soluções inovadoras para problemas antigos. Consultorias especializadas em maquinário agrícola, por exemplo, estão se tornando cada vez mais comuns, auxiliando produtores a maximizar o uso de seus equipamentos e, consequentemente, sua produção.

Apoio e desenvolvimento

O desenvolvimento do agroempreendedorismo tem chamado a atenção de diversos setores da sociedade, incluindo o poder público. Em abril de 2024, foi lançada a Frente Parlamentar em Defesa do Empreendedorismo Rural, um grupo suprapartidário com 212 parlamentares, liderado pelo deputado Fausto Pinato (PP-SP). A iniciativa visa fortalecer o setor e promover o crescimento das cadeias econômicas ligadas ao campo.

Além disso, entidades como o Sebrae têm desempenhado um papel crucial na capacitação dos empreendedores rurais. Em setembro, o Sebrae/MS organizou uma série de oficinas e palestras gratuitas em várias unidades, abordando temas como higiene na manipulação de alimentos, gestão de estoque e planejamento de negócios. Essas iniciativas ajudam os empreendedores a se adaptarem às novas demandas do mercado e a otimizar seus processos de produção e comercialização.

O futuro do agroempreendedorismo

O renascimento do agroempreendedorismo no Brasil é um sinal claro de que o campo tem muito a oferecer além da produção agrícola tradicional. Com o apoio de políticas públicas, a adoção de tecnologias inovadoras e a formação de novos empreendedores, o setor rural está preparado para se tornar um dos motores do crescimento econômico do país, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a geração de riqueza nas áreas rurais.

O agroempreendedorismo é, sem dúvida, uma das grandes apostas para o futuro do Brasil, trazendo consigo um novo olhar sobre o campo e suas inúmeras possibilidades.