Empreendedorismo feminino na periferia e o acesso a saúde mental
Por meio do empreendedorismo, muitas mulheres periféricas encontram uma chance para remodelar suas realidades. Contudo, para enfrentar os desafios que permeiam essa jornada, é necessário priorizar o bem-estar mental.
Mulheres empreendedoras lidam com uma incidência significativamente maior de problemas de saúde mental, conforme revela uma pesquisa conduzida pela Endeavor Brasil sobre saúde e desempenho de empreendedores. Os problemas mais comuns entre elas são ansiedade (88,2% em comparação com 84,8% nos homens) e ataques de pânico (29,4% contra 20,2%), especificamente. Além disso, 76,5% das entrevistadas classificaram a jornada empreendedora como extremamente estressante.
Naiá Curumim, 23, trancista e multiartista que se dedica à poesia, escrita e artes visuais, e autora do livro Brumas Leves para Peitos Pesados, encontrou na arte sua fonte de renda. Desde os 12 anos, convive com o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo, uma condição mental que se manifesta por alterações de humor e sintomas associados à esquizofrenia.
Naiá atribui parte do desenvolvimento de sua percepção artística à arteterapia, experiência que teve durante a adolescência. Entretanto, hoje em dia, enfrenta dificuldades no acesso a tratamento psiquiátrico, uma vez que seu bairro não dispõe de um polo de tratamento psicossocial. “Temos apenas a UBS com um único psicólogo, com quem nunca me senti totalmente à vontade”, declara a jovem.
Para Naiá, a acessibilidade é um dos maiores desafios para empreender com sua arte. Residente de Carapicuíba, além da distância física, ela enfrenta questões sociais que, em razão de sua neurodiversidade, provocam ansiedade.