Favela em Foco: Dona Lourdes do Vitória, candidata a vereadora, promete atuar em prol da moradia digna em Osasco

 Favela em Foco: Dona Lourdes do Vitória, candidata a vereadora, promete atuar em prol da moradia digna em Osasco

Imagem: Dona Lourdes do Vitória, candidata a vereadora em Osasco. Créditos: Reprodução/Redes Sociais

Por: Isabela Valukas

03/10/2024

 

A pouco menos de uma semana do primeiro turno das eleições de 2024, o Jornal Aborda, comprometido com a promoção de uma sociedade mais consciente, igualitária e justa, dá continuidade à série de entrevistas com os candidatos a vereador da cidade de Osasco. Vale destacar que, atualmente, há 21 cadeiras em disputa na Câmara dos Vereadores, e os candidatos mais votados no dia 6 de outubro deste ano ocuparão os cargos pelos próximos quatro anos.

A entrevistada desta edição é a candidata Dona Lourdes do Vitória (União Brasil/SP). Moradora de Osasco desde os oito anos de idade, Dona Lourdes enfrentou muitos desafios ao longo da vida. Aos 20 anos, trabalhou como secretária na Unidade de Nefrologia de Osasco (UNASCO). Algum tempo depois, decidiu abrir o próprio negócio e investir no prato típico da cidade, tornando-se vendedora de cachorro-quente. Entretanto, o negócio não deu certo.

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Dona Lourdes morou em uma área irregular conhecida como “Pinga-Pus”, local que a inspirou a lutar pela promoção de moradias dignas, começando pela urbanização do bairro onde vivia. Ela é uma das fundadoras da Associação Filhos da Terra Padroeira I e, em 2002, foi eleita presidente da associação. Graças à atuação de Lourdes como líder comunitária, a favela onde morava foi urbanizada e, hoje, transformou-se no Conjunto Residencial Vitória e no Conjunto Residencial Esperança.

 

Confira na íntegra a entrevista concedida por Lourdes ao Jornal Aborda.

 

Jornal Aborda: Lourdes, a senhora ainda reside no conjunto residencial que ajudou a urbanizar em Osasco? Como é a sua relação com a cidade?

Dona Lourdes: Sim, ainda resido no conjunto. Minha relação com Osasco é muito próxima e afetiva, pois moro aqui há muitos anos, criei laços e me envolvi em diversas iniciativas comunitárias. Essa ligação profunda com a cidade e com os moradores da região é o que me motiva a continuar trabalhando por melhorias. Ser candidata é uma oportunidade de representá-los de forma ainda mais efetiva.

 

Jornal Aborda: Além da associação e do projeto de urbanização, a senhora colaborou com outros projetos? Quais foram e de que forma?

Dona Lourdes: Além da associação comunitária e do projeto de urbanização, colaborei na conquista de outras importantes melhorias para a nossa comunidade. Conseguimos a construção de uma creche e, recentemente, ampliamos as salas para aumentar a oferta de vagas para as crianças da região. Outro projeto que apoiei foi a construção de uma quadra poliesportiva, de um CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e de um CID (Centro de Inclusão Digital).

Essas iniciativas têm sido fundamentais para proporcionar opções de lazer, assistência social e acesso à tecnologia aos moradores. De modo geral, tenho me dedicado a colaborar em diversos projetos que buscam melhorar a infraestrutura e os serviços públicos disponíveis para a nossa comunidade. Meu objetivo não é apenas beneficiar a minha comunidade, mas sim toda a cidade.

 

Jornal Aborda: Por que decidiu se candidatar ao cargo de vereadora neste ano? O que a motivou a tentar a via política?

Dona Lourdes: Decidi me candidatar porque acredito que as mulheres precisam estar cada vez mais envolvidas na política. Mesmo sem ter ocupado cargos políticos anteriormente, consegui atuar de forma significativa para ajudar minha comunidade. Isso me motivou a dar continuidade a esse trabalho, levando as demandas e necessidades da população diretamente para a Câmara de Vereadores.

Nossa cidade ainda carece de muitas melhorias, principalmente nas comunidades mais carentes. Tenho um profundo compromisso em dar voz a esses cidadãos e lutar por políticas públicas que impactem positivamente a realidade deles. Meu objetivo é ser uma representante engajada e atuante, trabalhando pelos interesses da população.

 

Jornal Aborda: Dentre os projetos aos quais a senhora pretende se dedicar, qual considera o mais relevante para ser discutido pela Câmara dos Vereadores de Osasco? E por quê?

Dona Lourdes: Dentre os projetos que pretendo me dedicar, considero que a questão da moradia digna é o mais relevante a ser discutido na Câmara de Vereadores. Isso porque, sem um lar seguro e adequado, as pessoas não conseguem ter uma vida plena, com paz, saúde e condições mínimas de bem-estar.

Muitas famílias da nossa cidade vivem em situação precária, em casas improvisadas, sem acesso a serviços básicos. Essa realidade impacta diretamente a qualidade de vida dessas pessoas, impedindo-as de se desenvolverem com dignidade. Sem um lugar seguro e confortável para chamar de lar, as pessoas acabam apenas sobrevivendo, e não vivendo de fato.

Por isso, a luta por políticas públicas de habitação popular, urbanização de comunidades carentes e acesso a moradias dignas será uma das minhas principais bandeiras na Câmara. Acredito que, ao garantir esse direito fundamental, podemos gerar um efeito cascata positivo em diversas outras áreas, como saúde, educação, esporte e segurança. É uma pauta essencial para transformar a realidade da nossa cidade.

 

Jornal Aborda: Ainda sobre seus projetos para a cidade, há um na área da saúde em que a senhora propõe “estabelecer parcerias entre o poder público municipal e clínicas privadas para atendimento de pacientes em tratamento de hemodiálise (Insuficiência Renal Crônica)”. Como a senhora identificou essa demanda da população?

Dona Lourdes: Minha proposta de estabelecer parcerias entre o poder público municipal e clínicas privadas para o atendimento de pacientes em tratamento de hemodiálise surgiu da minha própria experiência como secretária de enfermagem em uma clínica de diálise. Nessa função, pude observar de perto a enorme dificuldade que os pacientes enfrentam para conseguir vagas e acessar esse tratamento tão essencial.

Muitos moradores de Osasco que precisam passar por hemodiálise acabam ficando na fila de espera por um longo período, o que prejudica gravemente sua saúde. Infelizmente, alguns chegam a falecer antes mesmo de conseguir a vaga. Diante dessa realidade cruel, percebi que era fundamental buscar uma solução para agilizar e ampliar o acesso a esse serviço vital.

Por isso, proponho a criação de parcerias público-privadas, que permitam aproveitar a capacidade das clínicas particulares para atender, de forma mais rápida e eficiente, os munícipes que dependem desse tratamento. Dessa maneira, poderemos salvar vidas e melhorar significativamente a qualidade de vida dessas pessoas.

 

Jornal Aborda: Por fim, gostaria de saber se, com o avanço dos prazos determinados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a senhora divulgará um documento mais detalhado com seus projetos para a cidade?

Dona Lourdes: Embora eu gostaria de divulgar um documento mais detalhado com os meus projetos para Osasco, infelizmente as condições financeiras têm dificultado esse processo. Como candidata com poucos recursos, dependo muito do apoio do meu partido para a impressão dos materiais de divulgação.

Infelizmente, esses folhetos e programas com as propostas acabam sendo produzidos apenas próximo ao período eleitoral, o que prejudica a possibilidade de uma divulgação mais antecipada e abrangente das minhas ideias e planos para a cidade.

No entanto, apesar dessa limitação, procuro manter um diálogo constante com as pessoas, ouvindo suas principais demandas e necessidades. Assim, mesmo sem um documento formal, posso apresentar com clareza as minhas propostas durante os eventos e contatos diretos com os moradores.

 

  • As opiniões e visões expressas pela candidata a vereadora entrevistada não representam necessariamente as visões ou opiniões deste jornal. Todos os candidatos que aceitaram conceder entrevista ao Jornal Aborda foram tratados com isonomia e respeito.

Isabela Valukas Gusmão

Jornalista, formada pela UMESP, e Nutricionista, formada pela USP. Trabalhou como redatora na empresa Olhar Digital, na editoria de Ciência e Espaço; e também foi estagiária na Rádio BandNews FM.

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