Dezembro Laranja e as dificuldades na prevenção do câncer de pele nas favelas

 Dezembro Laranja e as dificuldades na prevenção do câncer de pele nas favelas

Por Isabela Tota

Em muitas favelas brasileiras, a luta diária por acesso à saúde vai muito além da rotina das unidades de saúde. Entre os desafios enfrentados, está o câncer de pele, o tipo de câncer mais comum no Brasil, que afeta principalmente aqueles que não têm acesso a cuidados preventivos adequados. É por isso que a campanha “Dezembro Laranja”, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ganha ainda mais relevância com a chegada do verão. O objetivo é aumentar a conscientização sobre a prevenção e a detecção precoce do câncer de pele.

Os desafios do acesso à saúde 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil, representando um problema de saúde pública. Quando detectado precocemente, as chances de sucesso no tratamento são muito maiores, o que torna a conscientização fundamental para salvar vidas. Contudo, a realidade para muitos brasileiros, especialmente os moradores de favelas, é repleta de obstáculos.

Um levantamento da ONG Oncoguia e do Data Favela revela que 69% dos moradores das favelas enfrentam dificuldades de acesso ao atendimento médico, 82% têm que esperar por longos períodos para realizar exames e a maioria depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Esses dados mostram que, para muitas pessoas, o acesso à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de pele é limitado, o que coloca em risco a saúde de uma grande parte da população.

A médica clínica geral Diana Rodrigues explica que melhorar essa realidade depende de ações urgentes. “É necessário ampliar as campanhas de conscientização, criar políticas públicas que forneçam protetor solar nas unidades básicas de saúde (UBS) e garantir que as pessoas tenham mais acesso a consultas com especialistas”, afirma. 

A prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de pele

Para ela, a prevenção também passa pela educação. “Evitar a exposição solar excessiva, especialmente entre 10h e 16h, e usar protetor solar diariamente são passos essenciais. Outras medidas, como o uso de chapéus, óculos de sol, guarda-sol e roupas com proteção UV, também ajudam a reduzir os riscos. Além disso, é importante que as pessoas aprendam a observar a própria pele, identificando manchas ou pintas suspeitas, e busquem orientação médica imediatamente.”

A detecção precoce do câncer de pele pode ser feita através da regra ABCDE, que orienta a observação da assimetria, bordas, cor, diâmetro e evolução das lesões de pele. Caso haja qualquer suspeita, é essencial procurar um profissional da saúde capacitado para diagnóstico e acompanhamento.

Apesar das dificuldades no acesso à saúde e à prevenção, campanhas como o “Dezembro Laranja” desempenham um papel fundamental na disseminação de informações sobre o câncer de pele, ajudando a população a adotar medidas de proteção e a identificar sinais precoces da doença. A conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce é essencial para reduzir os impactos dessa doença, especialmente em comunidades com menos acesso a cuidados médicos.

Isabela Tota

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF) e envolvida em projetos sociais como voluntária.

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