Desafios e conquistas da educação infantil em Osasco

 Desafios e conquistas da educação infantil em Osasco

A educação infantil é a base do desenvolvimento humano e social. Em Osasco, município da Região Metropolitana de São Paulo com mais de 700 mil habitantes, o tema tem ganhado destaque nas políticas públicas nos últimos anos. Avanços importantes foram conquistados, mas ainda há muito a ser feito — principalmente para garantir que as crianças das periferias tenham as mesmas oportunidades que as do centro.

Perfil da População Infantil

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Osasco tem uma população estimada em 728.615 pessoas (2022). Desse total, cerca de 8,29% são crianças entre 0 e 6 anos, o que equivale a aproximadamente 60.396 crianças na faixa da educação infantil.

Esses números demonstram a importância de uma rede estruturada de ensino para atender essa fase tão delicada da vida, quando o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social ocorre de forma acelerada.

Cobertura da Educação Infantil em Osasco

Segundo o Censo Escolar 2023, a cidade contava com:

  • 14.183 crianças matriculadas em creches (0 a 3 anos);
  • 15.351 matriculadas em pré-escolas (4 a 5 anos).

Isso significa que quase metade das crianças de 0 a 6 anos estão matriculadas em alguma instituição de ensino infantil, uma taxa que, embora relevante, ainda não garante cobertura total — principalmente nas regiões mais afastadas do centro.

A meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é atingir universalização da pré-escola até os 5 anos de idade e atender no mínimo 50% das crianças de 0 a 3 anos em creches até 2024. Osasco está próxima, mas ainda aquém desse objetivo no atendimento em creches.

Desempenho Educacional: IDEB em Alta

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é um importante indicador de qualidade do ensino. Em 2024, Osasco alcançou 6,3 nos anos iniciais do Ensino Fundamental, superando a média nacional (6,0) e se destacando positivamente entre os municípios da Grande São Paulo.

Esse dado reflete um esforço conjunto entre professores, gestores e políticas públicas voltadas à melhoria da aprendizagem — mas não representa o cenário da educação infantil como um todo, que ainda enfrenta entraves estruturais.

Investimentos em Infraestrutura e Formação

A Prefeitura de Osasco, por meio da Secretaria Municipal de Educação, tem realizado esforços para melhorar a infraestrutura das escolas e a qualificação dos profissionais:

  • Reformas em escolas municipais e construção de novas unidades do programa Mundo da Criança;
  • Capacitação de 105 professores de Educação Física, em parceria com o Instituto Esporte e Educação, beneficiando mais de 50 mil alunos da rede;
  • Aquisição de mesas interativas digitais para o ensino infantil, ampliando o acesso à tecnologia desde cedo.

Além disso, programas de alimentação escolar e ações de acolhimento psicológico estão sendo fortalecidos para garantir um ambiente mais saudável e acolhedor.

Desafios Persistentes

Apesar dos avanços, os obstáculos continuam sendo significativos — principalmente nas áreas mais pobres da cidade. Entre os principais desafios estão:

  • Falta de vagas em creches e pré-escolas, especialmente em bairros periféricos como Jardim Mutinga, Jardim D’Abril e Jardim Conceição;
  • Déficit de profissionais qualificados para atender à demanda crescente;
  • Infraestruturas precárias em algumas unidades escolares mais antigas;
  • Desigualdade de acesso, afetando principalmente crianças negras, indígenas e com deficiência.

Dados do Diagnóstico da Situação da Primeira Infância em Osasco (2021) indicam que mais de 12 mil crianças entre 0 e 3 anos estão fora das creches públicas e conveniadas, o que reforça a necessidade urgente de ampliar o atendimento.

Ações e Políticas Públicas em Andamento

Entre os principais programas desenvolvidos pela gestão municipal estão:

  • Busca Ativa Escolar: iniciativa para localizar crianças fora da escola, combater a evasão e garantir matrícula;
  • Ampliação de convênios com instituições privadas e filantrópicas para acelerar o aumento de vagas em creches;
  • Programa Escola em Tempo Integral, com atividades extracurriculares e reforço pedagógico;
  • Educação Inclusiva: formação de professores para atendimento de alunos com deficiência.

Olhando para o Futuro

A construção de novas unidades escolares, o uso de tecnologia na educação e o investimento em formação contínua são caminhos promissores para a cidade. A previsão da Prefeitura é de criar 5 mil novas vagas em creches até o fim de 2026, com prioridade para bairros com maior vulnerabilidade social.

O desafio, no entanto, não é apenas estrutural, mas também social e político. A participação das famílias, a valorização dos professores e a articulação entre os setores da saúde, assistência social e cultura são fundamentais para consolidar uma educação infantil de qualidade e igualitária.

Sabrina Santiago

Jornalista formada pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Produtora e locutora dos podcasts "Vozes Silenciadas" e "Cinecast" e do documentário "A ascensão da música eletrônica no Brasil". Além do jornalismo, sou apaixonada por cinema, futebol e música.

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