Consciência negra no mundo: além do Brasil, quem mais comemora esse tema?

A expressão “consciência negra”, refere-se à conscientização das raízes históricas dos afrodescendentes e à compreensão dos danos causados ​​pelo racismo. Esse processo, envolve a identificação pessoal com as raízes culturais e históricas, que estão intimamente ligadas à formação da identidade do indivíduo. O Dia da Consciência Negra é comemorado no Brasil em 20 de novembro. A celebração foi oficializada pela Lei 12.519, em novembro de 2011, e é feriado em mais de mil cidades brasileiras. A data foi escolhida em homenagem ao falecimento de Zumbi, um dos líderes do Quilombo dos Palmares, uma das maiores comunidades de negros que escaparam da escravidão e existiu por mais de 100 anos.

A importância histórica da data é fácil de ser compreendida, principalmente porque mais de metade da população brasileira se autodeclara preta ou parda, de acordo com o IBGE. Além disso, o levantamento “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” (também realizado pelo IBGE), recentemente demonstrou que os problemas sociais no país continuam afetando de maneira desproporcional pessoas de pele mais escura. Por essa razão, mesmo vivendo no século XXI, é relevante dedicar tempo a reflexões sobre o impacto da escravidão em nossa história, assim como considerar a integração dos povos negros em nossa sociedade, discutir temas como racismo, discriminação e valorizar as raízes africanas presentes em nossa cultura.

Países que celebram a consciência negra

Além do Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Irlanda celebram o tema como o “mês da história negra”. No Canadá, o Mês da História Negra ocorre em fevereiro e é oficialmente reconhecido pelo Senado do país desde 2008, com uma moção para oficializar a data que foi aprovada por unanimidade por todos os senadores canadenses. A Universidade de Toronto, considerada a melhor do país segundo o Ranking QS, leva a celebração a sério e organiza um calendário repleto de eventos para o mês inteiro, incluindo aulas, shows, filmes, performances e jantares.

O Mês da História Negra no Reino Unido e na Irlanda, é celebrado em outubro em homenagem ao período de equinócio outonal na África, que marca o início da primavera, da colheita e da fartura. A celebração foi iniciada por Akyaaba Addai-Sebo, um analista do Conselho de Projetos Especiais da cidade de Londres. A Universidade de Oxford, reconhecida como a melhor do país, lançou uma campanha para comemorar o mês e organizou vários eventos.

Nos Estados Unidos, o mês dedicado à celebração da História Negra é fevereiro. Essa celebração, que ocorre de forma não oficial desde a década de 1920, foi idealizada pelo historiador Carter G. Woodson, filho de escravos, que dedicou uma semana do mês para homenagear a história do povo negro. A data incluía o dia 12 de fevereiro, que marca o nascimento de Abraham Lincoln, o presidente que aboliu a escravidão em 1865, e 14 de fevereiro, aniversário de Frederick Douglas, um escravo que fugiu de Maryland e liderou o movimento abolicionista em Nova York no século XIX. Em 1976, o presidente Gerald Ford oficializou a celebração como o Mês da História Negra. Em seu discurso, Ford considerou a ocasião uma oportunidade para “honrar as conquistas comumente negligenciadas dos estadunidenses negros em todas as áreas ao longo da história”. Desde então, praticamente todas as escolas e universidades, incluindo as melhores, como Harvard, Stanford, Caltech e MIT, celebram a data.

Harvard, por exemplo, promove uma série de eventos e conversas ao longo do mês — e não apenas em escolas relacionadas à história e humanidades. Stanford, por sua vez, tem uma festa anual para marcar o mês, promovida pela sua associação de estudantes negros de Direito. Caltech, viabiliza em seu campus uma série de seminários e exibições de documentários, além de apoiar o “Black History Month Parade and Festival“, um festival anual da cidade de Pasadena dedicado à cultura e à história negra. Já o MIT, não apenas comemora o mês, como montou um portal dedicado à sua história negra. O site é fruto de um projeto iniciado em 1995, com o intuito de documentar a experiência de pessoas negras na universidade desde sua criação em 1861.

É importante destacar que esses eventos são oficialmente promovidos ou apoiados pelas universidades em questão. Além disso, durante todo o mês, os grupos universitários de cada instituição também realizam diversas celebrações, muitas delas organizadas pelas comunidades estudantis negras de cada universidade.

Jornal Aborda

1 Comment

  • muito bom!˜

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