Por Isabela Tota
Neste mês de setembro, o debate sobre saúde mental ganha força com as campanhas do Setembro Amarelo. No entanto, essa discussão frequentemente ignora uma questão crucial: o impacto da desigualdade racial na saúde mental das pessoas.
Segundo dados do Anuário de Segurança Pública de 2023, o Brasil registrou um aumento de 50% nos casos de racismo em comparação ao ano anterior. Esses números mostram que os episódios de desigualdade racial não diminuíram; ao contrário, continuam a crescer.
A moradora de Osasco, Daniela Carvalho, psicóloga especializada no atendimento a pessoas com dependência química e alcoolismo, explica como o racismo afeta a saúde mental: “Os efeitos do racismo estrutural são diversos, como transtornos mentais, estresse, ansiedade, depressão, baixa autoestima, isolamento social…” Ela enfatiza que esses problemas, já amplamente discutidos, se agravam quando analisados sob a ótica das questões raciais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 12 mil pessoas tiram a própria vida anualmente no Brasil, sendo que os jovens negros representam uma parcela significativa desse número. Nesse contexto, o racismo não é apenas uma questão social, mas um fator agravante que coloca essas vidas em risco.
Impactos invisíveis e enraizados
A desigualdade racial no Brasil está profundamente enraizada em séculos de discriminação e exclusão, afetando diretamente o acesso aos serviços de saúde mental. Muitas vezes, pessoas negras enfrentam barreiras para acessar o tratamento psicológico adequado, o que perpetua a sensação de invisibilidade e negligência. O racismo estrutural interfere no reconhecimento e na seriedade com que os transtornos mentais em pessoas negras são tratados.
O racismo afeta não apenas a saúde mental, mas também o bem-estar físico. “Pode se manifestar de forma psicossomática. Ansiedade e depressão, transtornos que começam na mente, podem facilmente se expressar no corpo”, explica a psicóloga Daniela.
Políticas públicas e o racismo estrutural
Ignorar a questão racial nas discussões sobre saúde mental significa deixar de lado uma parte significativa da população brasileira. O racismo, muitas vezes invisível para quem não o vivencia, gera sofrimento, e seu impacto na saúde mental não pode ser negligenciado.
Cristiane Brasileiro, de 47 anos, também moradora de Osasco e mulher negra, relata as ocasiões em que sofreu racismo e como isso a afetou: “Essas vezes que sofri preconceito direto, fiquei muito triste e chocada, na verdade, em como as pessoas nos olham de forma diferente.” Ela acrescenta que, com o tempo, aprendeu a enfrentar esses momentos de discriminação: “Acho importante ter maturidade para enfrentar a situação e revidar, se impor… e, se o caso for grave, entrar com um processo.”
No entanto, para que isso seja possível, é essencial que políticas públicas considerem essas particularidades e ofereçam o apoio adequado àqueles que enfrentam tanto os desafios da saúde mental quanto o racismo estrutural.
Embora o Setembro Amarelo levante discussões importantes sobre suicídio e saúde mental, é urgente que o impacto da desigualdade racial também seja incluído nessa pauta. Sem essa inclusão, corremos o risco de perpetuar a invisibilidade de quem sofre não só com transtornos mentais, mas também com o racismo diário.
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