Os obstáculos impostos à arte de quem não vive centralizado não foram suficientes para parar Vitor Toyonaga. O músico e videomaker, é um entre os artistas de Osasco que exemplificam o Além dos Muros.
A carreira artística tem diversos segmentos de atuação, assim como em outras áreas. As vertentes mais populares abrangem a música, teatro, cinema, fotografia e pintura.
Mesmo assim, a desvalorização artística fez parte da história desse setor. E quando isso acontece, pode afetar de forma mais certeira a vida de quem está nas regiões periféricas.
A vocação artística de Vitor foi alimentada no decorrer de seu crescimento. “Meu pai comprou um violão quando eu tinha 12 anos de idade, já faz uns 60 anos que temos esse violão e ele só sabe tocar uma música”, recorda.
“Mas eu consegui desenvolver a partir desse start do meu pai e sou muito grato pelos meus pais terem conseguido me proporcionar os cursos de música”, completa Vitor.
Ainda muito jovem, começou a dar aulas de Kung Fu aos dezessete anos. Portanto, a Arte Marcial e a música são duas atividades que fazem parte da vida do artista desde cedo.
“Eu cheguei a tocar na Copa do Mundo de 2014, no Fifa Fan Fest que aconteceu no Anhangabaú, também fiz viradas culturais… e esse desenvolvimento foi tudo em paralelo”, conta o músico que na época fazia parte da banda Euphúria.
Com isso, conciliou o início da faculdade em Educação Física com cursos de áudio. “Por tocar em banda eu queria entender melhor sobre o backstage, como fazer gravação e atuar em palco”, afirma.
Foi quando percebeu a necessidade da gravação de vídeos, além dos áudios. No entanto, para gravar vídeos precisava aprender fotografia e nesse momento uma foi puxando a outra.
A habilidade em sonorização o levou a trabalhos locais e corporativos, até 2016 quando expandiu sua colaboração à cobertura esportiva. “A partir do live streaming acabei indo para o lado das Artes Marciais, como eu já tinha afinidade. Entrei em contato com a Federação Paulista e comecei as transmissões ao vivo dos campeonatos oficiais”, explica o artista.
Isso foi revolucionário levando em conta os equipamentos e recursos disponíveis na época. Além disso, o videomaker enfatiza as transmissões ao vivo como um marco importante para as famílias dos atletas, que na maioria das vezes vinham sozinhos de outros estados. Assim, os familiares podiam assistir às competições.
As vivências do videomaker de Osasco o levou ao famoso canal Combate. No qual produziu um curta-metragem sobre Kung Fu, valorizando a participação feminina nas Artes Marciais e a relevância para as crianças inseridas no esporte.
“Muitas pessoas querem chegar naquele artista, naquela arte marcial, e é aí que eu entro para fazer essa ponte. Eu vejo os comunicadores nesse papel: fazer a ponte”, reflete.
“Acredito no livre acesso a música, a arte marcial, a cultura em geral. Eu penso muito mais em divulgar e colher os frutos depois, e entendo que meu trabalho vá ao encontro disso”, completa Vitor.
Ainda de acordo com ele, o papel da arte é fazer as pessoas pensarem fora da caixa. Os artistas compartilham suas identidades culturais e ocupam uma posição de representatividade, mas, nada impede de aprender sobre outras culturas.
Cada região tem a sua produção cultural, entretanto, estar tão próximo a uma cidade como São Paulo pode interferir, segundo Vitor: “Algumas coisas se centralizam na capital, então existe dificuldade para o pessoal achar produtora com sede em Osasco. E eu ter a minha sede aqui, acaba facilitando e contribuindo para a produção cultural da cidade”.
O artista de Osasco percorre uma carreira versátil onde está engajado atualmente na produção corporativa. Em paralelo, as produções culturais e as Artes Marciais continuam permeando sua vivência.
Vitor cita o jargão popular que fala sobre “levar cultura para a comunidade” e enfatiza o fato de que as comunidades já têm suas culturas. É o ato de levar as diferentes realidades vividas em cada comunidade, o que a sociedade precisa.
“Futuramente eu gostaria de reforçar mais minha colaboração no cultural. Existem muitos artistas na periferia e se você não sair do sofá, não é pelo celular que vai encontrar essas pessoas”, compartilha. “A cultura brasileira é muito rica e a gente é oprimido em tantos sentidos que a nossa maior arma é a criatividade”, conclui o músico.
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