Por Isabela Tota
15/11/2024
“A Apego Fashion não é apenas uma marca; é uma causa”, afirma Adriana Carvalho, fundadora da marca, estilista, mulher preta e gorda, de 42 anos. A marca adota a sustentabilidade e a inclusão como bandeiras, além de defender que a moda é muito mais do que criar roupas – é uma forma de empoderar mulheres, especialmente as de tamanho plus size, e promover um consumo consciente. A Apego Fashion busca gerar impacto, seja por meio da educação sobre sustentabilidade, seja pela valorização da autoestima de mulheres que, por muito tempo, foram deixadas de lado pelas grandes marcas.
A marca surgiu a partir de várias inquietações da estilista, como a vontade de falar sobre moda, sustentabilidade e reaproveitamento com os jovens das periferias de São Paulo. “Busquei algumas ONGs próximas ao meu bairro, na Zona Leste de São Paulo, que atendem crianças e jovens. Foi nesses espaços que tive a oportunidade de ensinar alguns conceitos de moda e sustentabilidade, a importância de entender os mecanismos de consumo e reaproveitar peças de roupas.” A partir dessas iniciativas, Adriana apresentou as peças produzidas junto com os jovens na Casa de Cultura de São Mateus e observou resultados muito positivos. “Alguns jovens descobriram seu estilo próprio, outros passaram a fazer upcycling de peças, aplicando as técnicas que ensinei para vender as roupas reformadas,” conta a estilista.
A ideia de empreender com moda sustentável para mulheres gordas surgiu durante o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Adriana, em 2018. Ela começou a planejar a Apego Fashion e, em 2019, foi convidada para participar da Osasco Fashion Week. No entanto, no dia da apresentação, a quarentena decretada pela pandemia fez com que a marca “nascesse e morresse” no mesmo dia. Aproveitando o tempo de pausa, Adriana reestruturou o modelo de negócio. Após enfrentar uma série de desafios, incluindo problemas de saúde, ela retomou a marca em 2023, participando de eventos como a Osasco Fashion Week, Pop Plus e Fashion Weekend Plus Size.
A sustentabilidade e a inclusão são os principais pilares da Apego Fashion, conceitos frequentemente esquecidos por outras marcas, que nem sempre consideram como seu público consome e se realmente incluem mulheres em toda a sua diversidade. “A sustentabilidade não pode ser uma falácia ou algo que fique apenas no discurso de grandes eventos internacionais, como o G20,” explica Adriana. “Precisamos que as empresas realmente apliquem o ESG (Environmental, Social, and Governance) em seus processos, e a Apego Fashion busca implementar isso em 100% de suas atividades.” Adriana menciona que a marca trabalha com mão de obra de mulheres empreendedoras da periferia de São Paulo, utilizando técnicas manuais para aproveitar resíduos de tecidos. A sustentabilidade está presente em cada etapa, desde as matérias-primas até a elaboração das peças.
Entretanto, há desafios. Adriana relata que o público plus size ainda não está familiarizado com a ideia de consumir moda de forma consciente. “Falar de consumo consciente pode parecer distante da realidade deles”, afirma ela, destacando que esse público muitas vezes não compreende o impacto da sustentabilidade em suas vidas.
Outro desafio é o desenvolvimento de produtos. Por serem peças bastante elaboradas, a maioria com estampas e acabamentos manuais, a produção em larga escala é inviável. Isso faz com que alguns clientes desistam da compra, pois estão acostumados ao fast fashion, que oferece uma produção mais rápida e em maior quantidade. “Por ser sustentável, a produção é menor e mais lenta, cada detalhe é pensado,” afirma Adriana. “Esse processo de educação do consumidor leva tempo, mas estamos persistindo, pois acredito que um dia colheremos os frutos dessa caminhada.”
Adriana também oferece oficinas de customização, onde ensina técnicas manuais de reaproveitamento de roupas, como bordado, macramê e tingimento. O objetivo é que os participantes compreendam o valor da sustentabilidade, promovam autoestima e estilo, além de desenvolverem sua identidade.
As oficinas têm gerado um impacto significativo na comunidade. Muitos jovens que participaram delas começaram a aplicar as técnicas aprendidas para criar e vender seus próprios produtos, além de desenvolverem um maior senso de empoderamento e autonomia.
“Tenho recebido muitos feedbacks positivos, especialmente de pessoas que descobriram seu estilo pessoal por meio das oficinas e das coleções da Apego Fashion,” relata Adriana. “É gratificante ver esses resultados. Acredito que estamos no caminho certo, e que a marca está começando a ter o impacto que eu esperava, embora ainda haja muito trabalho pela frente.”
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