De acordo com a ONU, Brasil desperdiça cerca de 27 milhões de toneladas de alimento por ano, ao mesmo tempo 21 milhões de pessoas não tem o que comer. Alimentos com pequenos defeitos, ou que não estão muito frescos acabam indo para lixo, mesmo estando em boas condições para o consumo.
Segunda a Unicef, em 2019 9,8 milhões de crianças e adolescentes não possuem renda suficiente para se alimentar de forma adequada, esse número subiu quase 40% em 2021, quando foi realizado o último levantamento.
Fatores como a crise econômica, desemprego e aumento das desigualdades sociais agravadas pela pandemia de covid-19, só piorou um quadro que já era difícil de ser mudado. A desnutrição é uma das principais causas de mortalidade infantil, a ingestão insuficiente de nutrientes pode causar anemia, queda da imunidade ocasionando maior risco de adquirir doenças oportunistas. Além de afetar o crescimento, causar problemas ósseos e alterações psicológicas.
São vários os desafios para manter uma alimentação saudável na periferia, entre eles está a renda aquisitiva das famílias, conhecimento sobre nutrição. A ausência de locais de acesso para adquirir alimentos in Natura é maior na periferia, isso é o que chamamos de “desertos alimentares”.
Para encontrar variedade de frutas, hortaliças e legumes as pessoas são obrigadas a se locomover a grandes distâncias, o que dificulta ainda mais a vida dos moradores das comunidades carentes que costumam tem uma longa jornada de trabalho, tem remuneração reduzida e normalmente enfrentam horas no transporte público lotado todos os dias. Muitos acabam consumindo alimentos ultraprocessados que são mais acessíveis e possuem um valor nutricional reduzido, além de conterem altas quantidades de gordura, sódio, açúcar, corantes e conservantes que empobrecem a alimentação.
Contudo há formas de se repensar a alimentação para aproveitar o máximo que os alimentos podem nos oferecer sem gastar muito. O primeiro ponto a se pensar é “descasque mais e desembrulhe menos”. Sempre que possível opte por alimentos naturais. Muitos alimentos podem ser consumidos por inteiro, incluindo as cascas e as sementes. Este é o caso da abóbora, que após ser bem lavada, pode ser assada ou cozida com a casca. Já as sementes, assim como as do melão podem ser fritas com algumas gotas de óleo e se transformar em um saboroso petisco.
As frutas preferencialmente devem ser consumidas com casca, como maçã, pera e goiaba. A laranja pode ser consumida com o bagaço que é rico em fibras e ótimo para o intestino. As cascas de abacaxi e de maracujá podem ser lavadas e armazenadas no freezer, com elas é possível fazer chá gelado. O maracujá tem efeito calmante e contém vitaminas como ferro, cálcio e fósforo. A casca do maracujá também pode ser incluída no suco para engrossar e reforçar o sabor da fruta, basta coar antes de beber.
Temperos podem ser cultivados em pequenos vasos na janela. A hortelã dá sabor a sucos e saladas é um ótimo digestivo. Alecrim é diurético, antibacteriano e um antidepressivo natural. Manjericão pode ajudar a minimizar enxaquecas, insônia e aftas. Cidreira conter vitaminas A, B1, B2, B3, B5, B6 e vitamina C, antioxidantes e substâncias anti-inflamatórias.
Grande parte dos legumes podem ser utilizados inteiros. As batatas podem ser fritas e assadas com as cascas que são fontes de fibras, ferro, fósforo, zinco, potássio e vitamina C. Caso faça alguma receita com elas descascadas, saiba que as cascas assadas ou fritas podem ser um gostoso salgadinho, crocante e muito mais saldável que as batatinhas de saquinhos.
As cascas da banana podem ser utilizadas para fazer bolo. É surpreendente como você não vai perceber a diferença no gosto. Já as cascas da laranja podem ser cristalizadas e se transformar em doces fontes de Vitamina C, apesar de conter açúcar, essa sobremesa dispensa corantes e conservantes.
O rabo e a cabeça de peixe não devem ser descartados. Eles podem ser limpos e adicionando a panela de pressão com cebola, alho, tomate, pimenta, batatas, chuchu e cenouras e se transformar uma sopa muito nutritiva, por conter flavonoides que combate dos radicais livres. Após o cozimento, basta retirar a carcaça do peixe e bater o resto no liquidificador e servir quente.
O mesmo acontece com os ossos de boi, que podem ir para pressão com alho, cebola, temperos, ervas, água e algumas colheres de vinagre e se transformar em um saboroso caldo, como por exemplo o tradicional “caldo de mocotó”, que é rico em colágeno e muito bom para quem sente dores nas articulações. Talos de couve e espinafre também pode ser incluído na sopa de legumes.
Outra forma de economizar é utilizar frutas e verduras da estação, além de variar o cardápio durante o ano, elas costumam ser comercializadas a preços mais acessível. Aproveite as sobras de alimentos para preparar outras receitas. Por exemplo, sobras de arroz cozido podem ser utilizadas em uma canja ou em bolinhos de arroz que as crianças adoram. Plantar árvores frutíferas no quintal, como mamão, abacate, maga podem fornecer sobremesas saudáveis.
A alimentação também é uma forma de expressão cultural. A comida brasileira que traz consigo traço da culinária afro-brasileira, indígena, nordestina e das diversas áreas do país, trazendo para mesa memórias afetivas, temperos de família que vão se perdendo quando consumimos apenas alimentos industrializados.
Alimento que vem da terra
De acordo com o site da Secretaria de Agricultura do Governo de Minas Gerais, é possível produzir adubos com sobras que temos na nossa cozinha. A compostagem é um meio pelo qual o lixo que não pode ser reciclado, pode ser transformado em adubo para enriquecer o solo, sendo usado em jardins e hortas e vasos, evitando assim o uso produtos químicos.
Para fazer compostagem, basta construir uma caixa com terra, minhocas e serragem e ir adicionando os restos de vegetais. Deixe descansar de dois a três meses e a matéria orgânica estará pronta para o uso. Essa é uma forma de melhorar o cultivo de vegetais e ao mesmo tempo reciclar o lixo que seria descartado junto com os demais resíduos domésticos.
As cascas de ovos também podem ser lavadas, assadas e trituradas se transformando em pó. Essa farinha pode ser usada na alimentação, adicionada a receitas como bolos e vitaminas, mas também é um fertilizante natural, que aumenta o pH da terra e ajuda a afastas as pragas.
Outro pesticida natural é o café. O site “Agricultura & Mar”, ensina a usar a borra para afastar lesmas e caracóis. Basta diluir o pó em água e deixar o líquido descansar por alguns dias, depois deve ser borrifada nas plantas e as pragas serão repelidas pela cafeína.
Repensar a alimentação nos leva a refletir sobre a sustentabilidade nas favelas. Praças e áreas verdes podem ser utilizadas para o cultivo de alimentos. Jardins com flores como rosas, lavanda, dente de leão, amor-perfeito e cravina não só embelezar o local, mas também são comestíveis. As hortas comunitárias são uma ótima opção para revitalizar o espaço público e ao mesmo tempo produzir alimentos para comunidade.
O ato de cultivar e ver as plantas crescerem reduz o estresse, melhora a saúde mental, incentiva o trabalho em equipe. Isto aumenta o engajamento da comunidade, além disso, é uma ótima forma das crianças aprenderem mais sobre o meio ambiente.
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