Aliançados FC: projeto revela talentos do futebol e da vida

Por Kleber Miranda
13/12/2024

“Sair com 80 crianças para outro estado foi um marco”, afirma fundador e parte da diretoria colegiada do Aliançados FC sobre a participação na chamada “Copa Nacional de Base” em Campina Verde – Minas Gerais. Esta viagem em julho deste ano foi a primeira vez que o projeto social de futebol ultrapassou as barreiras do estado de São Paulo.

O diretor-fundador Junior Ribeiro conta que para o clube de Osasco – que completou 8 anos de existência neste ano – foi um evento emblemático, pois levou quatro das categorias de base do Aliançados, e com sub-15, sub-17 e sub-20 conseguiram chegar a uma etapa de quartas de finais e em duas semifinais.

Aliançados FC

Em 2016, um grupo de amigos de uma igreja localizada no bairro Vila Yolanda, em Osasco, resolveu se juntar para fazer um time amador de futebol para se divertir, pois eram amantes do esporte. E conforme fizeram partidas, foram solicitados a fazerem uniformes, e então, tiveram a oportunidade de disputar um campeonato em 2017.

“No primeiro campeonato, a gente tomou só porrada, perdendo todos os jogos”, conta Junior Ribeiro. “Aí em vez da gente desistir da ideia de disputar, a gente falou ‘sabe uma coisa, vamos montar um time competitivo’. E como eu e mais um amigo tínhamos muito conhecimento de ex-jogadores, a gente montou uma equipe forte que se tornou o Aliançados FC”, completa.

Este time amador veio a ser campeão três vezes (Liga Osasco 3ª divisão, Copa Ribamar e Copa Nove de Julho) em 2018, mas em 2019 veio um virada de chave. A diretoria do projeto decidiu por criar uma categoria de base para o clube, pois um dos diretores fundadores, Tota, já trabalhava com este segmento.

Uma ideia que começou apenas com garotos de 15, 16 e 17 anos, veio a se tornar o projeto principal daqueles amigos, que hoje atende desde os 7 aos 18 anos de idade no campo do CSU em Osasco, com apoio da prefeitura para usar o espaço às terças, quintas e sextas-feiras das 13:30 às 18:00. Dessa ideia, surgiu oficialmente o projeto Aliançados.

Projeto Futebol Família

Junior conta que o projeto também é muito ligado à vida pessoal e familiar dos jovens atletas, e que busca formar bons cidadãos “com educação e respeito ao próximo”, através de reuniões para acompanhar seu desenvolvimento.

“A verdade é o seguinte, o que nós fazemos? Nós fazemos um trabalho de desenvolvimento e de psicologia. A gente trabalha toda aquela questão, eu não quero um bom atleta, eu quero um bom filho, um bom aluno, um bom irmão, um bom neto”, expõe o diretor.

A equipe do Aliançados também interage com os pais dos garotos, para entender como vão na escola, como está o dia-a-dia e o comportamento. A tratativa com os jovens e a com seus familiares são feitas em grupos separados.

“Quando você cuida dos filhos, das pessoas, você acaba entrando numa parte familiar muito profunda”, explica Junior Ribeiro.

“Os pais vêm para torcer, incentivar, xingar, brigar, o envolvimento é muito grande. A família é importantíssima na presença em jogos. O futebol hoje movimenta muitas famílias, movimenta o bairro, movimenta a cidade”, completa Junior.

Até onde o time dos amigos da Vila Yolanda chegou

O diretor-fundador diz que hoje tem competições “gigantes” que movimentam muito a questão financeira, e que mesmo com o alto custo de futebol amador hoje, o time tem a vantagem de ter o foco em futebol de base.

“Trazemos observadores técnicos, como tivemos recentemente um do Corinthians, do Internacional, do Red Bull Bragantino, da Ponte Preta, do Água Santa, de vários clubes do Brasil afora”, conta Junior, que diz que já colocou “inúmeros” atletas em clubes de Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.

A base que revela talentos e é campeã em diversos torneios ainda se propõe a jogar um futebol vistoso. Junior Ribeiro diz que por trabalhar com, em sua maioria, jovens iniciados em futebol, ele trabalha o conceito de futebol ofensivo, com posse de bola e sempre jogando para frente.

Ele diz que seu maior foco no treinamentos é o poder de decisão, que os garotos tenham coragem em campo para jogar com passes rápidos e para frente e sem medo de errar. Mas para isso, é necessário também desenvolver um bom psicológico e se cuidar bem.

“O futebol brasileiro tem que ser bonito.. A bola só é jogada pra trás quando a gente não tem opção, o foco sempre é o gol, sem ter medo de errar, exclama Junior. ”Eu posso tomar a decisão lá fora como treinador, como dirigente, mas dentro de campo a gente tenta implementar neles o poder de decisão, o poder de fazer acontecer durante o jogo”, complementa.

Junto com Junior, trabalham na comissão técnica do clube: professora Jennifer – preparadora física; Tota – fundador, professor e coordenador geral da base; Lula – roupeiro; Nicolas – auxiliar técnico e ex-atleta do projeto; e Adenilton – técnico em enfermagem.

Com uma uma taxa de manutenção para os afiliados, o Aliançados atende crianças de Osasco, São Paulo, Carapicuíba, Jandir e Itapevi. Junior reforça que o projeto “é diferente de escolinha” e que tem um “cunho social”.

Satisfação e aspiração

O núcleo do Aliançados FC começou com um time amador e veterano, acima de 35 anos, que hoje se encontra pausado, mas o diretor colegiado Junior diz que há planos de voltar este time a ativa no meio de 2025, para a disputa de amistosos e talvez de eventuais campeonatos.

E mesmo com o foco total no futebol de base, há também um time conhecido como “categoria Sport”, que é formado por pessoas que passaram pelo projeto por pelo menos 5 anos, mas que por algum motivo não seguiram a carreira como atletas profissionais. Estes têm suas profissões hoje, mas ainda jogam pelo Aliançados.

Junior diz lutar para ter mais espaços e horários, principalmente um horário de manhã, para atender ainda mais crianças, reafirmando o foco educacional do projeto. 

E ele já conta os planos de uma nova Copa Nacional de Base – a mesma que fez o Aliançados sair pela primeira vez do estado – que será em janeiro.

“Nossa ideia sempre é tirar a molecada do tempo ocioso, sempre levando o melhor”, diz o diretor, que também que conta que recebe a gratidão e os elogios dos pais e dos ex-atletas.

“Somos gratos a Deus porque nos permitiu ter hoje um trabalho onde podemos atender inúmeras famílias, independente da raça, gênero ou cor. E esperamos que mais pessoas entendam que o esporte é uma das maiores ferramentas de inclusão, de salvação, de ajuda, de mudança e de vida”, declara a diretoria do Aliançados.