A Voz de Molotov das Ruas

 A Voz de Molotov das Ruas

Molotov das Ruas. Reprodução: Arquivo pessoal do artista

Por Isabela Tota

17/01/2025

 

“Eu decidi que queria fazer música muito antes de colocar minha voz nas ruas, entendendo que vim para o mundo como um mensageiro da palavra e da informação para jovens periféricos como eu”, relata o músico Marcos Vinicius, de 22 anos. Morador da Vila Progresso, na Zona Leste de São Paulo, ele iniciou sua trajetória musical em 2019, realizando seus primeiros shows e participando de batalhas de rima. Nesse mesmo ano, gravou sua primeira música em estúdio, marcando o início de sua carreira.

Antes de se dedicar ao rap, Marcos Vinicius era ativo no movimento estudantil de São Paulo, integrando a UMES e participando de diversas manifestações. Foi nesse período que ganhou o apelido de “Molotov”, após um colega de trabalho brincar com seu empenho ao divulgar protestos. O apelido pegou e foi adotado por ele nas batalhas de rima. “O que me diferencia é que meu vulgo veio das ruas, das pessoas. Então ficou Molotov das Ruas”, explica.

Conhecido como Molotov das Ruas, o cantor compartilha os desafios de sua trajetória: “O maior desafio é a dificuldade de acesso a equipamentos, como estúdios musicais para gravar meus trabalhos, a falta de investimento para distribuição e tráfego pago, e a dificuldade de fechar agendas sem estar na rua fazendo conexões reais.” Ele ainda conta que sua principal fonte de renda vem de um emprego formal, o que interfere no tempo necessário para se dedicar à carreira artística: “Para ser artista, é necessário estar na rua.”

Apesar das dificuldades, Molotov encontra inspiração em artistas independentes que perseveram em meio a adversidades. “Admiro o foco, a resiliência e a persistência de quem faz arte periférica, enfrentando tantos percalços e o descaso em questões de políticas públicas”, afirma.

Para 2025, Molotov planeja um projeto inspirado na obra de Conceição Evaristo, intitulado Olhos D’Água, que também será o nome de seu álbum. As músicas abordarão a realidade do fácil acesso às drogas por jovens, o cotidiano da periferia em meio ao tráfico e a luta de um artista independente que busca fazer a diferença. “Poesia não salva o mundo”, declara o cantor.

Molotov ressalta a importância de valorizar a arte independente e periférica, garantindo o reconhecimento que merece. “Aqui temos todo tipo de artista que realiza seus trabalhos de forma profissional, mas que não chega onde deveria justamente pelas dificuldades que enfrentam. Acompanhe meu trabalho como MC acessando ‘Molotov das Ruas’ em qualquer rede social ou nas plataformas musicais”, conclui Marcos Vinicius.

 

Isabela Tota

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF) e envolvida em projetos sociais como voluntária.

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