O desemprego que insiste na periferia de Osasco

Por Fernanda Matos
Os números oficiais dizem que Osasco está contratando mais: em 2025, as contratações cresceram quase 9%. Mas quem caminha pelos bairros mais afastados da cidade sabe que a conta não fecha. Nas quebradas, o desemprego segue alto, e a renda que entra muitas vezes vem da correria do dia a dia, não de uma vaga formal.
A vida real além dos números
No Jardim Conceição, Leandro, 32 anos, sai de casa cedo todo dia. Ele já trabalhou como estoquista, atendente e auxiliar de serviços gerais, mas hoje vive de bicos.
“Levo currículo em tudo quanto é lugar, mas sempre pedem curso ou experiência. Enquanto isso, entrego marmita, ajudo em mudança, faço o que aparecer. O problema é que não dá estabilidade nenhuma”, desabafa.
A cena se repete em bairros como Rochdale, Munhoz e Veloso. Famílias inteiras dependem da renda informal — do churrasco na laje ao corte de cabelo no quintal. Trabalho honesto, mas sem direitos, sem carteira assinada e sem garantia de amanhã.
O que falta?
Economistas apontam que o descompasso entre crescimento econômico e inclusão social é o nó central. O mercado até abre vagas, mas a maioria está em áreas que exigem qualificação técnica. O problema é que cursos gratuitos e de qualidade quase nunca chegam à periferia.
Além disso, a distância pesa. Muitos empregos estão em polos como Alphaville ou região central de São Paulo. Para quem mora na ponta de Osasco, o custo de transporte já come boa parte do salário.
Políticas que não chegam
Nos últimos meses, programas federais e estaduais anunciaram bilhões em investimentos na região metropolitana, incluindo urbanização de favelas e obras de infraestrutura. Mas, quando o assunto é emprego direto para a periferia, pouco se fala.
“O jovem da quebrada tem talento e disposição, mas precisa de oportunidade real. Sem isso, fica preso no bico ou na informalidade”, analisa a professora Camila Nunes, especialista em políticas públicas.
Caminhos possíveis
Para virar o jogo, especialistas e coletivos locais defendem três medidas urgentes:
- Formação profissional acessível e ligada ao mercado real;
- Apoio ao microempreendedor periférico, com crédito justo e incentivo cultural e econômico;
- Transporte mais barato e integrado, encurtando a distância entre o trabalhador e a vaga.
O futuro que pode ser
Osasco é uma cidade de potência, criatividade e juventude. Mas enquanto o crescimento não alcançar quem vive nos bairros mais afastados, a desigualdade vai seguir ditando as regras.
Porque emprego não é favor. É direito. E a periferia de Osasco já mostrou que não falta trabalho — falta é oportunidade.
Fontes
- Jornal a Borda — Reportagem sobre desemprego nas periferias de Osasco, mesmo com alta nas contratações.
🔗 Ler aqui - SEBRAE / DataMPE — Dados oficiais de emprego, remuneração média e setores que mais contratam em Osasco.
🔗 Ler aqui - Jornal USP / Fundação Seade — Estudo sobre crescimento econômico da região de Osasco entre 2002 e 2020.
🔗 Ler aqui - Forbes Brasil — Matéria sobre criação de vagas e investimentos que impulsionaram a economia de Osasco.
🔗 Ler aqui - El País / Ipea (via PT.org.br) — Estudo sobre “desertos de oportunidades” nas periferias urbanas.
🔗 Ler aqui
Fundação Telefônica Vivo — Atuação do Centro Social Carisma em bairros periféricos de Osasco.
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