Acesso à Cultura ainda é Desigual em Osasco

Por Letícia Lima Laurino

Apesar de avanços nos últimos anos, o acesso à cultura em Osasco ainda é um privilégio restrito aos bairros centrais. A descentralização de equipamentos culturais e a democratização de espaços de criação seguem como desafios para as políticas públicas do município.

Cultura é um direito, não um luxo

A Constituição Federal, no artigo 215, garante a todos o direito ao pleno exercício da cultura, mas na prática, moradores da periferia de Osasco enfrentam dificuldades diárias para acessar centros culturais, eventos públicos e espaços de criação artística.

Embora haja iniciativas importantes, o acesso ainda não é equitativo em todo o território municipal. Em regiões mais afastadas do centro, a presença de atividades culturais públicas é significativamente menor.

Espaços concentrados no centro, periferias esquecidas

Osasco conta com uma diversidade de equipamentos culturais entre bibliotecas, teatros, centros culturais e museus, no entanto, a maioria deles se concentra nas regiões centrais da cidade.

Moradores de bairros mais afastados, como Munhoz Júnior, Jardim D’Abril ou Padroeira, precisam se deslocar longas distâncias para acessar eventos ou estruturas culturais mantidas pelo poder público.

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Projetos relevantes existem, mas ainda são pontuais

Há boas iniciativas em andamento. A Fábrica de Cultura Osasco, por exemplo, iniciou 2025 com mais de 600 vagas gratuitas em cerca de 30 cursos nas áreas de teatro, música, fotografia, grafite, dança, audiovisual e até drones.

Outros eventos, como o Festival de Orquestras, Osasco Anime Fest e Game Fest, têm movimentado o calendário local. A Secretaria de Cultura também promoveu editais por meio da Lei Paulo Gustavo e está realizando consultas públicas em diferentes bairros.

Ainda assim, essas ações ocorrem de forma pontual. A falta de uma política cultural contínua e territorializada faz com que bairros inteiros permaneçam sem presença efetiva do Estado na área da cultura.

Participação popular ainda é um desafio

O Conselho Municipal de Política Cultural de Osasco (ComCultura) tem papel importante na formulação de diretrizes para o setor e na gestão do Fundo Municipal de Cultura. Ele é formado por representantes do poder público e da sociedade civil.

No entanto, ampliar a participação social de maneira representativa e transparente, especialmente nos bairros periféricos, continua sendo um desafio real. A democratização da cultura passa também por escuta ativa e construção coletiva.

O que falta para transformar cultura em direito real?

Ainda há desafios importantes. A infraestrutura cultural segue concentrada no centro, e é preciso levar equipamentos para bairros afastados, como CEUs das Artes e bibliotecas interativas. Muitas ações ainda são pontuais, quando o necessário é criar circuitos permanentes e itinerantes, com feiras, shows e oficinas nas periferias. Também falta maior participação social, que pode ser alcançada com o fortalecimento do ComCultura e mais representatividade territorial. Além disso, é essencial garantir orçamento específico para a cultura periférica, com editais regionais e prestação de contas acessível.

Cultura é cidadania: e precisa ser para todos

A cultura não é apenas lazer. É ferramenta de transformação social, de expressão, de identidade e de pertencimento. Osasco precisa avançar para garantir que todos os seus moradores, e não apenas os que vivem próximos ao centro, possam criar, acessar e viver a cultura.

Democratizar o acesso à cultura é uma escolha política. Exige planejamento, investimento e, acima de tudo, vontade de incluir.

Fontes consultadas:

• • Prefeitura de Osasco / Secretaria de Cultura
  • Portal Participa Osasco (ComCultura)
  • Jornal A Rua, Jornal Aborda
  • Portal Planeta Osasco
  • Fábrica de Cultura Osasco (jornalarua.com)
  • Wikipédia: Cultura em Osasco, Teatro Glória Giglio, Museu Dimitri Sensaud de Lavaud