Tecnologia e inclusão: como apps de idiomas ajudam no aprendizado de crianças da periferia

Por Lindewanya Marques
Plataformas como Duolingo, Cake e Babbel vêm transformando o modo como as pessoas aprendem novos idiomas. Com uma abordagem lúdica e interativa, esses aplicativos gamificados tornam o estudo de gramática, vocabulário e pronúncia mais acessível e atrativo.
Segundo dados do site Business of Apps, mais de 700 milhões de pessoas ao redor do mundo utilizam essas ferramentas para aprender uma nova língua. Além de populares entre autodidatas, os apps também são cada vez mais utilizados por educadores como apoio pedagógico em sala de aula, dinamizando o ensino e incentivando o uso da tecnologia no processo de aprendizagem.
Disponíveis gratuitamente, essas plataformas permitem que qualquer pessoa com um celular e acesso à internet possa estudar por conta própria, no seu ritmo e em qualquer lugar, funcionando como uma extensão do aprendizado tradicional.
Aulas de inglês com apoio digital em Carapicuíba
Na região da Cohab 2 e 5, em Carapicuíba (SP), a Associação Ressavanar de Defesa da Cultura e Meio Ambiente tem feito uso dos aplicativos como ferramenta de ensino no curso de inglês oferecido a crianças carentes da comunidade.
A entidade, que atua na preservação da identidade cultural e ambiental da região, aposta no Duolingo como aliado na sala de aula. Segundo Marcelo Costa da Silva, fundador e presidente da instituição, a ideia surgiu a partir da sugestão de uma professora voluntária que também trabalha como coordenadora em uma escola bilíngue.
“A gente costuma sempre incentivar o uso de aplicativos de forma educacional fora do ambiente escolar, usando isso como reforço no aprendizado”, afirma Marcelo.
Com metas diárias, recompensas virtuais e disputa entre amigos, o Duolingo contribui para o engajamento dos estudantes, especialmente os mais jovens, e rompe barreiras tradicionais do ensino, como o alto custo de mensalidades e metodologias engessadas.
Desafios no acesso
Apesar dos benefícios, o acesso a esses recursos ainda não é completamente igualitário. Mesmo gratuitos, os aplicativos exigem conexão à internet e espaço de armazenamento nos aparelhos, o que nem todos os alunos possuem.
“Quase todos conseguem utilizar os aplicativos, mas há uma parcela que enfrenta dificuldades, seja por não ter um celular adequado, espaço suficiente ou acesso à internet”, relata o fundador da associação. Por isso, muitos estudantes só conseguem usar os aplicativos quando estão na própria instituição.
A tecnologia tem se mostrado uma importante aliada na democratização do ensino de idiomas. Mesmo com limitações de acesso enfrentadas por parte dos estudantes, os aplicativos oferecem recursos gratuitos que complementam o aprendizado de forma prática, dinâmica e acessível, permitindo que mais pessoas tenham contato com novas línguas, dentro e fora da sala de aula.