Espera por atendimento hospitalar afeta corpo e mente

Hospital da Criança e da Mulher de Osasco Foto: Instagram da Prefeitura de Osasco
Redação: Nicole Rizzo e Sophia Cavaquita – Estudantes de Jornalismo da ESPM
Elaine Cristina Campos, ex-moradora da zona norte de Osasco, compartilhou sua experiência após anos na lista de espera de um hospital público: “Aos 40 anos, me deparei com uma doença renal crônica. Por ter convênio, a experiência não foi tão traumática”, relata.
Entretanto, ao se mudar para a Baixada Santista, enfrentou “outra realidade”: “Em Itanhaém, passei a utilizar o SUS (Sistema Único de Saúde). Fiquei três anos utilizando o SUS. O atendimento era péssimo, não estava bem assistida. Hoje tenho 48 anos e ainda estou na fila por um doador”, lamenta Elaine.
Assim como no caso de Elaine, nas áreas periféricas da Grande São Paulo, a fila de transplantes nos hospitais públicos é gerida por um sistema único, que abrange as redes pública e privada, por meio do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A fila é organizada em ordem cronológica, seguindo critérios de prioridade como a gravidade da doença, a compatibilidade entre receptor e doador e a idade do paciente.
A superlotação é outro problema recorrente nos hospitais públicos do Brasil, evidenciado durante a pandemia de COVID-19 em 2020. De acordo com dados do site Telemedicina Morsch, as principais causas da superlotação são a falta de equipamentos, a carência de profissionais da saúde e o aumento do tempo de permanência nos serviços de emergência hospitalar.
Além das questões físicas, a demora no atendimento pode gerar danos psicológicos. Entre eles, a sensação de impotência por não ter controle sobre a situação, o estresse e a incerteza, que podem agravar ainda mais o quadro clínico do paciente, afirma a psicóloga Monik Pauli Augusto.
Em seu relato, Elaine complementa dizendo que seu neto a impulsiona a viver: “É um dia de cada vez. Tem dias ruins e bons. Ter uma família que me ama e me dá apoio contribui para que eu enfrente essa doença crônica.”
Nem todas as experiências são negativas. A psicanalista e perita judicial Jéssica Silvia Barbosa Magalhães pondera: “O desconforto em ter que esperar gera irritabilidade e, com isso, alteração de humor, o que pode piorar o quadro e o estado de saúde. Mas não dá para generalizar e dizer que quem foi atendido mais rápido teve uma evolução melhor.”
Marcella Bernardinelli Munari, moradora de Osasco e aluna do curso de Relações Internacionais da ESPM-SP, compartilhou sua experiência no Hospital Municipal Antônio Giglio: “O atendimento foi bom. Todos os funcionários foram muito prestativos e atenciosos, mas esperei em torno de duas horas e meia”, afirma.