COP29 em Baku: Evento mundial promove debate sobre as mudança climáticas

Imagem: Prédio com logo da ONU, organização responsável pela COP29. Créditos: Erich Westendarp/Reprodução: Pixabay
Por: Isabela Valukas
A COP 29, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), deste ano, acontecerá entre os dias 11 e 22 de novembro. A conferência anual reúne autoridades de diversos países para debater e buscar consensos entre os membros sobre ações e diretrizes a respeito das mudanças climáticas. A edição de 2024 será em Baku, capital do Azerbaijão, localizado entre o Leste Europeu e o Sudoeste Asiático.
O ministro da Ecologia e Recursos Naturais, Mukhtar Babayev, ocupará o cargo da presidência e será o responsável por guiar as discussões decorrentes da série de encontros. O anúncio do escolhido foi feito nas redes sociais da COP28, assim como o cargo de negociador-chefe, que será ocupado pelo vice-ministro das relações exteriores, Yalchin Rafiyev.
País sede é integrante da OPEP
A escolha do país sede levanta um ponto importante a respeito dos caminhos que a conferência está seguindo, já que, pela segunda vez, o evento acontecerá em um Estado exportador de Petróleo e membro do grupo expandido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a OPEP+. Em 2023, a COP 28 aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que também faz parte da OPEP. O papel central desses eventos é o debate a respeito das mudanças climáticas e a busca de ações que possam mitigar os danos causados pela atividade humana, no âmbito mundial.
A participação de nações e empresas diretamente envolvidas na exploração e exportação de combustível fóssil, uma das principais causas das mudanças climáticas, pode levar a uma certa contradição e colocar em xeque a validade do evento. Apesar de parecer controverso, o professor de geografia da rede pública estadual de São Paulo e especialista em climatologia, hidrografia e gestão de bacias hidrográficas e geomorfologia, Charles Henrique Miranda, aponta que a participação desses atores é importante, já que, como parte do problema, eles devem participar da solução. “Esses setores podem criar ações para amenizar os impactos causados e aqueles que podem vir a ser gerados, através de soluções de médio a longo prazo”, argumenta.
Sediar uma COP promove desenvolvimento ao país
Ele ressalta que precisamos “justamente do olhar daqueles que, porventura, vem causando impactos” para amenizar as consequências climáticas. Além disso, Charles destaca os pontos positivos que serão vistos na COP, pois o país sede é “reconhecido por investir em transições energéticas e terá uma ‘Green Zone’, área dedicada a jovens líderes que apresentam soluções para um futuro rumo ao ‘carbono zero’”.
O especialista ressalta que sediar um evento dessa magnitude em um país em desenvolvimento promove a inclusão e gera crescimento para o local. “A COP é uma emergência política, tanto para a conservação climática, como também de proteção ao cidadão, enquanto ocorrem as mudanças climáticas. Esse evento traz inovação e financiamento aos mecanismos tecnológicos para países que ainda estão em desenvolvimento”, diz o professor.
Como a COP dialoga com as periferias?
Por falar em inclusão, ao ser questionado sobre possíveis desdobramentos e a importância dessa conferência para as zonas periféricas das cidades, Charles declara que “cada vez mais as periferias têm perdido a visão do que é um impacto ambiental. É perceptível o crescimento das comunidades, dos espaços urbanos tomando conta do espaço geográfico”, diz. Ainda, a partir da realização do evento, será possível “apresentar a importância de cuidar do planeta, do clima e do meio ambiente”. Enquanto professor da rede pública estadual de São Paulo, o profissional afirma que se utiliza da COP para “ensinar aos educandos como é cuidar do planeta, seja com uma ação mínima ou máxima”, para que eles se conscientizem do tema.
No próximo ano, a COP 30 será no Brasil. Essa notícia é recebida com otimismo por Charles, pois o mundo estará com os olhos voltados para a Amazônia. “Com a realização da COP 30 no Brasil, projetamos uma maior visibilidade com foco na Amazônia”. O professor diz que sediar esse evento levará o país a um “novo patamar no desenvolvimento regional, bem como no engajamento global”, além de ressaltar a importância dele na diplomacia ambiental mundial. “É uma oportunidade de avanço na agenda climática global, na preservação de espaços ambientais brasileiros, beneficiando não somente o nosso país, como também o continente sul-americano”, finaliza.